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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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TELEVISÃO

Antonio Athayde, do SBT, afirma que grupos querem ter controle de TVs

Limite afasta estrangeiro da mídia, diz especialista

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

Superintendente comercial do SBT desde outubro, o engenheiro Antonio Vicente Austregésilo de Athayde, 58, quase se tornou um dos donos da emissora de Silvio Santos. Em 1998, Athayde estava em um grupo, liderado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que tentava comprar parte do SBT. Mas, na última hora, Silvio Santos desistiu do negócio.
Nos últimos três anos, Athayde trabalhou na Rio Bravo Investimentos, onde atendeu a grupos estrangeiros interessados em investir na mídia brasileira.
Os dois fatos podem sugerir que Athayde foi trabalhar com Silvio Santos para vender o SBT, e não seus intervalos comerciais. O executivo refuta a insinuação. Diz que sua única missão no SBT é aumentar a participação da emissora no bolo da publicidade, dominado pela Globo, que detém quase 80% das verbas.
Athayde está enfrentando o monstro que ajudou a criar. Ele entrou na Globo em 1977, onde desenvolveu um sistema de controle dos espaços comerciais. Entre 1986 e 1990, foi superintendente da área comercial da emissora. Saiu do grupo em 1997.
O executivo generaliza quando questionado se o SBT está à venda. "Qualquer mercado que tem alguém com 80% [das verbas] desperta a atenção de investidores, porque há potencial para tirar parte da fatia da líder [a Globo]. A estrela não é a líder", diz. Em outras palavras, a estrela dos investidores seria o SBT, porque é a que tem mais potencial de crescer.
Mas, na opinião de Athayde, muita coisa precisa mudar para que o investidor estrangeiro aposte na mídia brasileira. Passado mais de um ano da regulamentação da emenda constitucional que permite até 30% de capital externo em empresas de comunicação, praticamente nada aconteceu.
Para Athayde, o maior obstáculo é o limite de 30%. Os estrangeiros não se sentem à vontade para investir em um negócio em que não têm controle. Contratos de gaveta que burlem a lei não são aceitos por grupos de capital aberto, "transparentes".
Falta também profissionalismo nas gestões. "Quem manda na programação das emissoras são os donos", afirma. "Enquanto prevalecer esse jeito, vai ser difícil haver capital estrangeiro."
Athayde afirma que grupos europeus e latinos, como Televisa e Cisneros, têm interesse no Brasil. E não apenas para dilatar seus custos de produção com a desova de programação. "Eles querem também produzir, porque aqui há profissionais muito bons", diz.

Comercial
O superintendente do SBT diz que a participação da emissora no bolo publicitário (estima-se que seja entre 10% e 14%) irá crescer 20% apenas com investimentos em tecnologia, com um novo sistema operacional que permitirá ao contato publicitário reservar espaços a anunciantes pelo celular. Hoje isso é feito no papel.
Athayde acredita que, mesmo sem investimentos em esportes e jornalismo, que faltam ao SBT, a emissora chegará a ter 18% do mercado. Neste ano, no entanto, nada irá mudar. O SBT deve faturar 5% a menos do que em 2002.


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