São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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The Cult retorna "clássico" ao Brasil

Grupo inglês toca pela quarta vez no país embalado por hits dos anos 80

Em entrevista, guitarrista Billy Duffy diz que grupo, que retornou no fim de 2005, atualmente toca sem as pressões do passado


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O culto ao veterano The Cult é cheio de altos e baixos, mas o grupo inglês sempre encontra seguidores fiéis no Brasil. Em sua quarta turnê por aqui -hoje e amanhã em São Paulo, sábado no Rio e terça em Curitiba-, a banda costuma usar o país como palco para algumas de suas principais fases.
Mesmo que desde sua formação, no começo dos anos 80, a banda seja constantemente ridicularizada por críticos por estar fora de seu tempo e por sua postura um tanto hippie/esotérica, no Brasil, a questão nunca importou muito. Hoje, o Cult é banda clássica por aqui, e seus antigos hits, como "She Sells Sanctuary", "Revolution" e "Edie (Ciao Baby)", ainda tocam à exaustão nas conservadoras rádios locais e o colocam ao lado de "dinossauros" como Deep Purple e Led Zeppelin.
"O que o Cult significa para mim hoje? [longa pausa] Em alguns aspectos, vejo a banda como o melhor emprego do mundo. Hoje estou um pouco mais desconectado do Cult, e consigo olhar de uma maneira objetiva e curtir. Só temos feito shows, e no fundo não estou realmente com planos de um novo disco", diz o guitarrista Billy Duffy, que, com o vocalista Ian Astbury, é a essência do Cult.
Não é qualquer banda que termina e retorna duas vezes e ainda consegue ser levada a sério pelo público e pelos próprios integrantes. Na primeira vez, em 1995, o grupo terminou logo após um show, no Rio de Janeiro.
Duffy conta o que aconteceu na noite fatídica: "O show foi muito bom e alegre. Em seguida, fomos à praia e encontramos um bar aberto em Copacabana às 4h da manhã. Ian estava meio pirado há semanas, e cada vez ia ficando mais esquisito, se escondendo das pessoas. Todos da equipe, umas 50 pessoas, estavam no bar. Ian ficou psicótico e simplesmente fugiu. Pegou dinheiro com o nosso empresário, tomou um avião e foi para os EUA", diz. "O espírito da banda tinha acabado antes. Deveríamos ter terminado logo depois de "Sonic Temple" [1989, disco que tornou o Cult uma megabanda]. Ian estava saturado e não queria continuar."

Retorno
Durante essas pausas, Astbury e Duffy partiram para outros projetos. O vocalista tentou a carreira solo, montou outra banda, Holy Barbarians, e substituiu Jim Morrison no Doors of the 21st Century, com remanescentes do Doors -oportunidade para finalmente assumir o posto de um dos seus principais ídolos, de quem copiou trejeitos de palco.
Já Duffy tocou no Dead Men Walking e Cardboard Vampyres, neste ao lado do ex-guitarrista do Alice in Chains, Jerry Cantrell. "Ian se beneficiou muito por tocar nos Doors, ele aprendeu um monte. Nem ele nem eu queríamos estar em apenas uma banda durante muito tempo; agora estamos mais focados", afirma Duffy, que agora tem como companheiros de Cult o guitarrista Mike Dimkitch, o baixista Chris Wyse e o baterista John Tempesta (do White Zombie).
"Por que sempre volto ao Cult? Talvez porque eu tenha escrito todas as músicas, talvez porque nossas músicas continuam a tocar nas rádios e em filmes após 20 anos", diz Duffy, que afirma não ter retornado por dinheiro. "Dinheiro é legal, mas financeiramente eu estou bem. O Cult não é a maior banda do mundo, mas também não é a menor."


THE CULT
Onde:
Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, SP, tel. 0/ xx/ 11/6846-6010)
Quando: hoje, às 21h30; amanhã, às 22h
Quanto: R$ 90 a R$ 240


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