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Crítica
Pessoas perdidas são o essencial de "Alta Fidelidade"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Essa gente perdida que freqüenta a loja de discos de John
Cusack, ou antes, que freqüenta "Alta Fidelidade" (Cinemax, 22h) é o que existe de
mais gostoso, ou mais interessante, neste filme de Stephen
Frears. O próprio Cusack, aliás,
é um gauche na vida que fica
tentando descobrir as razões
que levaram a namorada a despachá-lo. Mas os seus contratados, que deviam trabalhar três
dias por semana, mas não conseguem viver sem freqüentá-la,
são os tipos mais exemplares.
Com eles, o filme se coloca
bem longe e bem fora dessa
ideologia da voracidade, segundo a qual da vida não se pode
perder um minuto. O que é
perder, quando de vida se trata? Quando a perdemos? Por
que seria a ação melhor do que
a contemplação?
Há toda uma série de lugares-comuns contemporâneos
que essas vidas inúteis, mas tão
simpáticas, colocam em questão ao longo do filme. A trama
se desenrola com muitas variantes, mas o essencial está na
circulação de perdidos nessa
loja de discos usados.
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