|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVRO/LANÇAMENTO
Obras prolongam prazer e experiência da sala escura
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Na introdução do livro
"As Principais Teorias do
Cinema", J. Dudley Andrew pergunta: o que a razão pode acrescentar à experiência? De que forma o conhecimento do cinema altera a percepção de quem o vê? O
próprio autor conclui: "O conhecimento deveria ser relacionado à
experiência em vez de se tornar
um substituto dela (...). Aqueles
que estudam o cinema têm a
chance de ver os filmes de modo
mais completo e mais intenso."
Pois bem: "As Principais Teorias do Cinema" e um punhado
de outros livros capazes de prolongar a experiência da sala escura estão chegando às livrarias.
De novembro para cá, o mercado editorial brasileiro investiu em
uma dezena de livros sobre cinema. Alguns deles, como o próprio
"As Principais Teorias do Cinema" e os volumes que reúnem artigos de Eisenstein: "A Forma do
Filme" e "O Sentido do Filme",
são obras genéricas que tratam da
sétima arte em visão ampla.
Outros, como "Shane", de Paulo Perdigão, "O Anjo Exterminador", de Braulio Tavares, "No
Rastro da Pantera Cor-de-Rosa",
de Pedro Karp Vasquez, ou ainda
o saboroso "Woody Allen", de
Neusa Barbosa, analisam filmes
ou autores específicos.
A volta dos livros teóricos vai
preencher lacunas de estudantes e
cinéfilos mais jovens. Em "As
Principais Teorias do Cinema",
por exemplo, eles terão à disposição um resumo do que se pensou
sobre a sétima arte de seu surgimento até o fim da década de 70.
Dudley Andrew fornece ao leitor
uma base para escolher no que se
aprofundar mais tarde no estudo
das teorias sobre cinema.
Mas os escritos de Eisenstein,
com o perdão do clichê, são os tomos essenciais na biblioteca de
qualquer amante da sétima arte.
Eisenstein não foi apenas um dos
gênios da prática cinematográfica, mas um pensador do cinema.
É essencial ler Eisenstein diretamente na fonte para compreender a dimensão de sua defesa da
montagem e do seu papel na
construção de um filme. O primeiro volume, "A Forma do Filme", reúne ensaios escritos em
1929, ainda sob o entusiasmo político da revolução de 1917. "O
Sentido do Filme" junta artigos
mais tardios, já impregnados por
certa desilusão política.
Dos lançamentos concentrados
em uma única obra ou diretor
merece destaque o "Shane", de
Paulo Perdigão, um exemplo do
esforço de prolongar o prazer de
um filme. Perdigão é um notório
apaixonado pelo western de
George Stevens. Ele estudou obsessivamente seus meandros, mas
foi muito além, transformando
sua paixão em uma obra de solidez e análise. Ler "Shane" na versão de Perdigão é o prolongamento de um prazer estético, como toda boa reflexão sobre a estética
deveria ser.
AS PRINCIPAIS TEORIAS DO CINEMA.
Autor: James Andrew Dudley. Editora:
Jorge Zahar. Quanto: R$ 35,50 (272 pág.)
A FORMA DO FILME. Autor: Sergei
Eisenstein. Editora: Jorge Zahar. Quanto:
29,50 (228 pág)
O SENTIDO DO FILME. Autor: Sergei
Eisenstein. Editora: Jorge Zahar. Quanto:
R$ 24,50 (148 pág.)
SHANE. Autor: Paulo Perdigão. Editora:
Rocco. Quanto: R$ 25,00 (184 pág.)
O ANJO EXTERMINADOR. Autor:
Braulio Tavares. Editora: Rocco. Quanto:
R$ 25,00 (185 pág.)
NO RASTRO DA PANTERA COR-DE-ROSA. Autor: Pedro Karp Vasquez.
Quanto: R$ 25,00 (164 pág.)
WOODY ALLEN. Autor: Neusa Barbosa.
Editora: Papagaio. Quanto: R$ 30,00 (212
pág.)
Texto Anterior: Cinema: "Cidade de Deus" entra no ranking inglês Próximo Texto: Análise: Na TV, 2002 foi o ano do "reality show" Índice
|