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"Big Brother" volta sem grandes novidades nesta terça, mas a maioria não deve escapar do vício de espiar o nada
Big Droga
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
U-hu, u-hu, u-hu, u-hu, u-hu!
Prepare-se. A partir desta terça e
pelos próximos dois meses e
meio, você dificilmente vai escapar do "Big Brother Brasil". Os
novos participantes dirão pouco
além do gritinho irritante, mas o
suficiente para cativar mais de
60% dos telespectadores -o ibope médio das versões anteriores.
Há os que assistirão, u-hu, empolgados e assumidos. E aqueles
que darão umas espiadas discretas, com cara de poucos amigos.
Mas até quem tem plena consciência de quão vazia é a falsa realidade do "BBB" passará a conhecer os participantes, ter seu preferido e, se baixar a guarda, pode se
pegar votando no paredão.
O estilista recifense Mario Castro, 40, é um desses. "Sei que eles
dizem pouca coisa que presta, que
o programa tem muito pouco a
acrescentar e é descartável, mas
assisto porque é divertido", diz.
Ele vê todo dia, chega a reprogramar atividades profissionais
para não perder os episódios. Mas
não é viciado a ponto de comprar
o "pay-per-view" na TV paga,
com 24 horas de BBB.
E por falar em vício, o coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de
SP, o psiquiatra Dartiu Xavier da
Silveira, faz um paralelo entre o
"reality show" e as drogas. "As
pessoas têm plena consciência do
lixo que estão vendo, do tempo
que estão perdendo, e não conseguem largar aquilo. É como as
drogas. Sabem que faz mal, que
nem sentem mais prazer, mas não
abandonam o vício", compara.
Para o novelista Lauro César
Muniz, o segredo da atração é o
ritmo folhetinesco fortemente assumido pelas edições brasileiras
do "Big Brother". "Os participantes viram personagens, são criados objetivos para eles, há o conflito, tudo típico da ação dramática. Mas obviamente não é um
produto com a qualidade que
uma novela pode ter. As falas são
bobas, do dia-a-dia, não há o trabalho da criação de um autor."
Muniz acredita que o fenômeno, apesar dessa sobrevida, será
passageiro. Para a cúpula da Globo, 2007 poderá ser o último ano,
mas tudo depende de quanto sucesso esta sexta edição terá.
O Brasil está entre os recordistas
da sobrevivência do formato,
criado em 1999 pela produtora
holandesa Endemol. Na lista dos
33 países que já exibiram o "BB",
apenas a Espanha supera o número de edições brasileiras, com sete
programas. Empatamos com Alemanha, EUA e Inglaterra e superamos Itália, Holanda, Austrália,
com cinco, e todos os outros, com
quatro ou menos.
Desta vez, o "BBB" será transmitido pela Globo Internacional
na Europa, com os episódios diários e mais uma montagem exclusiva de 60 minutos por semana.
No comando do programa desde a sua estréia, em 2002, o diretor
J. B. de Oliveira, o Boninho não
vai mexer no time que está ganhando. Em vez de perder força, o
"BBB" ganhou audiência e repercussão ao longo dos anos. Em
2005, conseguiu escalar um professor universitário gay, Jean
Willys, que se transformou em
herói e levou o prêmio de R$ 1 milhão. Ele bradou contra a homofobia, citou filósofos, recitou poesias, e com isso, avalia a Globo nos
bastidores, o "BBB" perdeu em
parte o ar de programa trash, ganhou certa cara de "conteúdo".
Na nova edição, o papel "filosófico" poderá ficar com a psicóloga
paraense Thais Cavaleiro, 27.
Filha de médico e economista,
passou recentemente em concorrido concurso de especialização
em São Paulo. Também é candidato ao núcleo "profundidade" o
professor de matemática paulista
Rafael Valente, 26, que, além de
gritar u-hu, poderá encher nossos
ouvidos com cálculos sobre as
probabilidades de ir para o paredão, ganhar uma prova, ser o anjo
e vencer o programa.
A personagem gostosona será
representada pela gaúcha Juliana
Canabarro, 23, que já foi coelhinha da revista "Playboy" (veja os
outros participantes no quadro).
Suas curvas estarão ainda mais
à mostra, já que agora o banheiro
foi colocado fora da casa, no meio
do jardim. E ela vai usar um microbiquíni numa piscina redonda, construída na reforma da
mansão, que ganha também mais
um quarto e uma suíte de luxo para o líder, com hidromassagem.
Outros dois concorrentes, como
anteriormente, serão definidos
em sorteio realizado na estréia e
entram na casa na quinta-feira.
De resto, é mais do mesmo. Regras iguais, o quadro "Big Boss" e,
claro, Pedro Bial, o chacrinha-entrevistador-de-presidente. U-hu!
Leia especial sobre "Big Brother" em
www.folha.com.br/060051
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