São Paulo, sexta, 8 de janeiro de 1999

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SP recebe festival de música antiga

da Reportagem Local

O Sesc Ipiranga promove entre os dias 17 e 24 de janeiro o Festival de Música Antiga e Colonial, com obras de compositores latino-americanos interpretadas por sete grupos especializados no gênero. Cada récita será precedida de uma conferência, em que se sucederão seis maestros e musicólogos.
A música erudita composta no Brasil e nas colônias espanholas são normalmente reduzidas, de uma forma bastante sumária, à condição de renascimento ou barroco tardios.
Isso talvez signifique alguma coisa para o olhar europeu, mas que, afinal das contas, reduz debaixo de uma mesma etiqueta formas muito diversificadas de produção musical.
O mérito do festival promovido pelo Sesc Ipiranga está em dar visibilidade pública a um repertório ao qual apenas um grupo reduzido de especialistas tem acesso.
É o caso, por exemplo, da ópera sacra "San Inacio", escrita por muitas mãos de jesuítas instalados no Paraguai, entre elas as de Domenico Zipoli e Martin Schmidt, ao longo do século 18.
Ela será interpretada pelo Ensemble Elyma, um conjunto suíço de música antiga, dirigido pelo maestro e pesquisador Gabriel Garrido.
Alguns dos compositores já são conhecidos por terem sido objeto de algumas gravações, como é o caso do padre José Maurício Nunes Garcia ou Américo Lobo de Mesquita, ambos brasileiros.
Outros o são bem menos, como Tomás de Torrejón y Velasco, compositor espanhol radicado no Peru e que foi objeto, recentemente, de um "Laudate Dominum", programa de música religiosa da Cultura FM, produzido pelo musicólogo Amaral Vieira.
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Ausência de Duprat

Outro mérito do festival está em colocar o público brasileiro em contato com pesquisadores de outros países, cujas publicações são dificilmente encontradas e cujas gravações o são menos ainda.
É o caso do argentino Gabriel Garrido ou da venezuelana Isabel Palacios. Entre os brasileiros, uma ausência a ser notada: a de Regis Duprat, responsável pela reconstituição de boa parte da produção de André da Silva Gomes, mestre-de-capela da Sé de São Paulo entre o fim do período colonial e o início do período imperial.
Em resumo, um bom programa para quem deseja iniciar-se nesse repertório ou aprofundar os conhecimentos que já possui sobre ele.



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