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SP recebe festival de música antiga
da Reportagem Local
O Sesc Ipiranga promove entre
os dias 17 e 24 de janeiro o Festival
de Música Antiga e Colonial, com
obras de compositores latino-americanos interpretadas por sete
grupos especializados no gênero.
Cada récita será precedida de uma
conferência, em que se sucederão
seis maestros e musicólogos.
A música erudita composta no
Brasil e nas colônias espanholas
são normalmente reduzidas, de
uma forma bastante sumária, à
condição de renascimento ou barroco tardios.
Isso talvez signifique alguma coisa para o olhar europeu, mas que,
afinal das contas, reduz debaixo de
uma mesma etiqueta formas muito diversificadas de produção musical.
O mérito do festival promovido
pelo Sesc Ipiranga está em dar visibilidade pública a um repertório
ao qual apenas um grupo reduzido
de especialistas tem acesso.
É o caso, por exemplo, da ópera
sacra "San Inacio", escrita por
muitas mãos de jesuítas instalados
no Paraguai, entre elas as de Domenico Zipoli e Martin Schmidt,
ao longo do século 18.
Ela será interpretada pelo Ensemble Elyma, um conjunto suíço
de música antiga, dirigido pelo
maestro e pesquisador Gabriel
Garrido.
Alguns dos compositores já são
conhecidos por terem sido objeto
de algumas gravações, como é o
caso do padre José Maurício Nunes Garcia ou Américo Lobo de
Mesquita, ambos brasileiros.
Outros o são bem menos, como
Tomás de Torrejón y Velasco,
compositor espanhol radicado no
Peru e que foi objeto, recentemente, de um "Laudate Dominum",
programa de música religiosa da
Cultura FM, produzido pelo musicólogo Amaral Vieira.
²
Ausência de Duprat
Outro mérito do festival está em
colocar o público brasileiro em
contato com pesquisadores de outros países, cujas publicações são
dificilmente encontradas e cujas
gravações o são menos ainda.
É o caso do argentino Gabriel
Garrido ou da venezuelana Isabel
Palacios. Entre os brasileiros, uma
ausência a ser notada: a de Regis
Duprat, responsável pela reconstituição de boa parte da produção de
André da Silva Gomes, mestre-de-capela da Sé de São Paulo entre o
fim do período colonial e o início
do período imperial.
Em resumo, um bom programa
para quem deseja iniciar-se nesse
repertório ou aprofundar os conhecimentos que já possui sobre
ele.
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