São Paulo, sexta, 8 de janeiro de 1999

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BUENOS AIRES
Teatro Colón recupera seu arquivo

MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires

O arquivo sonoro do teatro Colón, dado por perdido há mais de 20 anos, foi finalmente encontrado no apartamento de um ex-funcionário da Rádio Municipal de Buenos Aires, Carlos Garde.
São mais de 300 obras -entre óperas e concertos- gravadas no Colón de 1936 a 1976. O material, que está na Justiça e ainda não foi divulgado ao público, deve guardar um tesouro artístico, já que o Colón, nesse período, foi a principal sala de concerto e teatro lírico da América Latina.
Sabe-se que estão ali, por exemplo, uma versão de 1936 da ópera "Lohengrin", de Richard Wagner, e a voz de María Callas em "Norma", gravada em 1949.
Além disso, o arquivo deve guardar as interpretações de maestros como Arturo Toscanini, Wilhelm Furtwangler e Frits Busch; dos solistas Arthur Rubinstein, Claudio Arrau e Yehudi Menuhin; e dos cantores líricos Beniamino Gigli, María Caniglia, Hans Hotter, Jessye Norman, Plácido Domingo, entre outros.
As gravações dos espetáculos no Colón começaram a ser feitas em 1925, pela Rádio Municipal de Buenos Aires, que mantinha seu estúdio dentro do teatro.
A busca dos arquivos começou há mais de seis anos, quando Francisco José Armentano, ex-metalúrgico de 64 anos, foi aos arquivos do Colón procurar gravações do tenor italiano Tito Schipa -a pedido do filho do cantor, que estava escrevendo uma biografia sobre o pai.
Armentano descobriu que não havia registro de nenhuma das obras interpretadas no teatro entre os anos 30 e 60 e, a partir de então, passou a investigar o caso.
Depois de muitas peripécias, o arquivo foi localizado no apartamento de Carlos Garde, ex-funcionário da Rádio Municipal, que vendia as fitas magnéticas e discos de acetato a colecionadores e gravadoras piratas. Por determinação da Justiça, o arquivo deverá voltar em breve ao teatro Colón.



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