São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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MÚSICA

Gaúcho lança CD com participações de Maurício Pereira, Siba e do casal Fernanda Takai e John Ulhoa, do Pato Fu

Arthur de Faria mistura gêneros em seu quarto disco

DAFNE SAMPAIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagine um polvo, um polvo gaúcho. Esta poderia facilmente ser a imagem para definir o cantor, instrumentista, compositor, produtor e arranjador Arthur de Faria.
Seus tentáculos alcançam rapidamente sonoridades tão diferentes umas da outras que é impossível definir em qual gênero se encaixa o álbum "Música pra Bater Pezinho" (lançamento da gravadora e produtora YB Discos), seu quarto disco. Ao seu lado estão músicos de formações diversas, de jazzistas ortodoxos a membros da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Sul. Não é, portanto, um polvo qualquer, ainda mais com o nome científico de Arthur de Faria & Seu Conjunto.
"Cada membro da banda tem uma formação diferente, por isso as músicas têm referências sonoras muito diversas", afirma Faria. "É o lado bom da globalização", diverte-se. "O legal de amadurecer é que hoje posso dizer que toda manifestação musical me interessa."
Basta ouvir o disco para saber que esse ecletismo não é um clichê qualquer. Estão lá, em suas 14 faixas, jazz, Arrigo Barnabé, rock, Frank Zappa, fanfarra, Tom Jobim, música erudita, Björk, tango, MPB, pop, Radamés Gnatalli, Beatles, eletrônico, Black Sabbath e outras bossas e milongas.

Poesia
E as letras? "Dou muita importância à letra. Pode parecer óbvio, mas as pessoas se esquecem disso. Para mim, uma canção é 50% letra, e os outros 50% são música e arranjo. Gosto muito de poesia e é um baita exercício pegar uma poesia, seu ritmo, e criar uma música em cima."
Desse casamento, surgem "As Coisas da Casa" (poesia de Marcelo Sandmann, em que saltam os versos "Ela agora só pode amar / Com a paixão contida / Da borboleta espetada na placa de isopor"), "Breve Oração da Virada do Ano" (poesia de Daniel Galera), "Revisitação" (poesia de José Paulo Paes) e "Sexo na Cabeça" (sobre crônica de Luiz Fernando Verissimo).
Uma atração a mais está nas participações especiais. "Descobri com o tempo que os malucos acabam se encontrando", afirma Arthur, referindo-se às duas parcerias com Maurício Pereira (que também canta e toca sax em "Um Teco-teco Amarelo em Chamas") e aos encontros com Siba, Cida Moreira, e o casal Fernanda Takai e John Ulhoa, do Pato Fu.
"Gaúcho tem esse pudor de falar com outras pessoas de fora do Rio Grande do Sul. Parece que a gente tá querendo se enturmar com o resto do Brasil. Como se não fizéssemos parte..."
E a fogueira das diferenças regionais volta a acender. Mas Arthur de Faria já vem com o balde d'água. A solução é juntar os "malucos".
Quando foi curador do projeto "Rumos", do Itaú Cultural, ele se deu conta da enormidade de talentos pouco conhecidos Brasil afora. Mesmo sua banda, que todo ano faz shows em cidades como Buenos Aires, nunca tocou no Rio de Janeiro. O que fazer?
"Temos que construir uma outra rede. Sei que nossa música é muito escutável, mas não é de rádio. Então é preciso achar lugares onde podemos vender mil discos. Se a gente consegue 200 lugares vendemos 200 mil discos."
E é nesta progressão aritmética que Arthur de Faria & Seu Conjunto querem mostrar sua música pra bater pezinho.


MÚSICA PRA BATER PEZINHO. Artista. Arthur de Faria. Lançamento: YB (www.yb.com.br). Quanto: R$ 25, em média

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