|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Gaúcho lança CD com participações de Maurício Pereira, Siba e do casal Fernanda Takai e John Ulhoa, do Pato Fu
Arthur de Faria mistura gêneros em seu quarto disco
DAFNE SAMPAIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Imagine um polvo, um polvo
gaúcho. Esta poderia facilmente
ser a imagem para definir o cantor, instrumentista, compositor,
produtor e arranjador Arthur de
Faria.
Seus tentáculos alcançam rapidamente sonoridades tão diferentes umas da outras que é impossível definir em qual gênero se encaixa o álbum "Música pra Bater
Pezinho" (lançamento da gravadora e produtora YB Discos), seu
quarto disco. Ao seu lado estão
músicos de formações diversas,
de jazzistas ortodoxos a membros
da Orquestra Sinfônica do Rio
Grande do Sul. Não é, portanto,
um polvo qualquer, ainda mais
com o nome científico de Arthur
de Faria & Seu Conjunto.
"Cada membro da banda tem
uma formação diferente, por isso
as músicas têm referências sonoras muito diversas", afirma Faria.
"É o lado bom da globalização",
diverte-se. "O legal de amadurecer é que hoje posso dizer que toda manifestação musical me interessa."
Basta ouvir o disco para saber
que esse ecletismo não é um clichê qualquer. Estão lá, em suas 14
faixas, jazz, Arrigo Barnabé, rock,
Frank Zappa, fanfarra, Tom Jobim, música erudita, Björk, tango,
MPB, pop, Radamés Gnatalli,
Beatles, eletrônico, Black Sabbath
e outras bossas e milongas.
Poesia
E as letras? "Dou muita importância à letra. Pode parecer óbvio,
mas as pessoas se esquecem disso.
Para mim, uma canção é 50% letra, e os outros 50% são música e
arranjo. Gosto muito de poesia e é
um baita exercício pegar uma
poesia, seu ritmo, e criar uma música em cima."
Desse casamento, surgem "As
Coisas da Casa" (poesia de Marcelo Sandmann, em que saltam os
versos "Ela agora só pode amar /
Com a paixão contida / Da borboleta espetada na placa de isopor"),
"Breve Oração da Virada do Ano"
(poesia de Daniel Galera), "Revisitação" (poesia de José Paulo
Paes) e "Sexo na Cabeça" (sobre
crônica de Luiz Fernando Verissimo).
Uma atração a mais está nas
participações especiais. "Descobri
com o tempo que os malucos acabam se encontrando", afirma Arthur, referindo-se às duas parcerias com Maurício Pereira (que
também canta e toca sax em "Um
Teco-teco Amarelo em Chamas")
e aos encontros com Siba, Cida
Moreira, e o casal Fernanda Takai
e John Ulhoa, do Pato Fu.
"Gaúcho tem esse pudor de falar com outras pessoas de fora do
Rio Grande do Sul. Parece que a
gente tá querendo se enturmar
com o resto do Brasil. Como se
não fizéssemos parte..."
E a fogueira das diferenças regionais volta a acender. Mas Arthur de Faria já vem com o balde
d'água. A solução é juntar os "malucos".
Quando foi curador do projeto
"Rumos", do Itaú Cultural, ele se
deu conta da enormidade de talentos pouco conhecidos Brasil
afora. Mesmo sua banda, que todo ano faz shows em cidades como Buenos Aires, nunca tocou no
Rio de Janeiro. O que fazer?
"Temos que construir uma outra rede. Sei que nossa música é
muito escutável, mas não é de rádio. Então é preciso achar lugares
onde podemos vender mil discos.
Se a gente consegue 200 lugares
vendemos 200 mil discos."
E é nesta progressão aritmética
que Arthur de Faria & Seu Conjunto querem mostrar sua música
pra bater pezinho.
MÚSICA PRA BATER PEZINHO. Artista.
Arthur de Faria. Lançamento: YB
(www.yb.com.br). Quanto: R$ 25, em
média
Texto Anterior: Degradada, praça espera reforma prevista em projeto Próximo Texto: Rádio: Reformulada, Cultura amplia audiência Índice
|