São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Crítica

Chaplin tira graça da figura de um ditador

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Ditadores não têm graça. Com a gloriosa exceção, claro, de Charles Chaplin, "O Grande Ditador" (Telecine Cult, 19h45). Todos sabemos que seu modelo era Hitler. Há quem diga que Carlitos, na verdade, foi o modelo de Hitler.
Mas podemos tentar diferente. E se não existisse Hitler, e se tivéssemos de pensar no ditador de Chaplin por si mesmo? Por um lado, isso parece impossível: quando faz um discurso, os trejeitos e a maneira de falar lembram o "Fuhrer", a quem tinha intenção, explicitamente, ridicularizar.
Há momentos, no entanto, em que as duas imagens se distanciam. Um momento inesquecível: a brincadeira do ditador com o globo terrestre. Lance só ao alcance de um gênio.
A bola é leve, o ditador a atira para o alto, ela flutua suave, à sua disposição, pronta a receber outro peteleco, conforme à vontade de seu senhor. Hitler não pensaria em nada tão doce, nem por brincadeira: ali é Chaplin, por inteiro.


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