São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Crítica

"Rambo 4" carrega ideário republicano

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Nada é mais arrogante do que a fé. Quando fé e ciência se encontram, entramos em regime hiperbólico de certezas.
São médicos e religiosos os que, em "Rambo 4" (TC Pipoca, 20h; não recomendado a menores de 18 anos), pretendem entrar em Mianmar, onde a população está tendo uma revolta esmagada sadicamente pelo governo.
John Rambo hoje é um desiludido, vive à margem do mundo. Ele desaconselha a viagem ao grupo, mas o que é um ex-combatente perto de gente de ciência e fé? É claro que não o escutam. E é claro que se dão mal.
Então, o Ocidente manda um grupo de mercenários para operar o resgate. É o que basta (mais os encantos de uma missionária) para que Rambo proclame que neste mundo ou não se vive por nada ou se morre por uma causa. É quando o filme começa: Rambo renasce das cinzas.
A ação de Rambo se dará então em quatro níveis: 1) restituir a Mianmar os direitos humanos (causa política); 2) demonstrar a superioridade ocidental a esses bárbaros (objetivo militar); 3) levar a fé cristã a esse fim de mundo (objetivo humanístico); e 4) reencontrar o seu velho espírito guerreiro (objetivo metafísico).
Pode não ser um grande filme, este dirigido e interpretado por Sylvester Stallone. Mas ninguém negará que o ideário do Partido Republicano está aí, feito ficção.


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