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Crítica
"Rambo 4" carrega ideário republicano
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Nada é mais arrogante do que
a fé. Quando fé e ciência se encontram, entramos em regime
hiperbólico de certezas.
São médicos e religiosos os
que, em "Rambo 4" (TC Pipoca, 20h; não recomendado a
menores de 18 anos), pretendem entrar em Mianmar, onde
a população está tendo uma revolta esmagada sadicamente
pelo governo.
John Rambo hoje é um desiludido, vive à margem do mundo. Ele desaconselha a viagem
ao grupo, mas o que é um ex-combatente perto de gente de
ciência e fé? É claro que não o
escutam. E é claro que se dão
mal.
Então, o Ocidente manda um
grupo de mercenários para
operar o resgate. É o que basta
(mais os encantos de uma missionária) para que Rambo proclame que neste mundo ou não
se vive por nada ou se morre
por uma causa. É quando o filme começa: Rambo renasce
das cinzas.
A ação de Rambo se dará então em quatro níveis: 1) restituir a Mianmar os direitos humanos (causa política); 2) demonstrar a superioridade ocidental a esses bárbaros (objetivo militar); 3) levar a fé cristã a
esse fim de mundo (objetivo
humanístico); e 4) reencontrar
o seu velho espírito guerreiro
(objetivo metafísico).
Pode não ser um grande filme, este dirigido e interpretado
por Sylvester Stallone. Mas
ninguém negará que o ideário
do Partido Republicano está aí,
feito ficção.
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