|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Beyoncé é todas ao mesmo tempo, do escracho à Motown
Cantora reúne voz potente, canções empolgantes e estética apurada sobre o palco
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Quantas cantoras passaram anteontem pelo
Morumbi? Em duas
horas de show, o palco montado no estádio foi ocupado por
uma cantora de música pop festiva, uma cantora de R&B, uma
cantora de hip hop, uma cantora de baladas.
Bem, em frente a 60 mil pessoas, a noite foi iniciada por
Ivete Sangalo. Mas, logo depois
da apresentação da principal
popstar do Brasil, apareceu
uma norte-americana que consegue sintetizar a voz e o espírito de vários nomes do pop.
Com apenas 28 anos, Beyoncé Knowles é todas ao mesmo
tempo. Possui o escracho meticulosamente estudado de Madonna, a energia pop de Britney
Spears, a antena globalizada de
M.I.A., a habilidade vocal das
grandes cantoras negras dos
EUA e também (mas tudo bem)
a cafonice de uma Whitney
Houston, por exemplo.
Mas Beyoncé não é apenas
uma cantora. É uma performer
-e das boas. Dança muito bem;
movimenta-se com desenvoltura, fazendo com que um palco gigantesco pareça uma pequena sala; oferece mais do que
canções, mas um espetáculo
com efeitos visuais diversos e
apuro estético (sua banda é formada apenas por mulheres; os
bailarinos são excelentes). Por
isso Beyoncé atinge público tão
grande e tão diverso.
Ousada
E ela é ousada. Uns 90% dos
artistas pop dariam as cordas
vocais por uma música como
"Crazy in Love", que alia um refrão empolgante e uma melodia
com um bom gosto contemporâneo. Mas Beyoncé queima
"Crazy in Love" logo de cara,
após tomar o palco às 22h20.
E com a faixa seguinte,
"Naughty Girl", vemos uma
cantora enérgica, global, pop.
Ela é Madonna, é M.I.A.
Beyoncé troca de roupa (sai o
maiô dourado, entra um maiô
branco e uma capa da mesma
cor). É a hora das baladas e,
com o telão exibindo um mar
azul, temos o "momento Iemanjá" do show. Beyoncé encarna uma Whitney Houston, e
ainda bem que não dura mais
do que três músicas.
Então vem a parte "urban",
com dois rádios gigantes decorando o palco. No telão, vemos
Beyoncé bem criança, cantando e dançando. Boa ideia.
Sexy
Em canções dançantes, como
"Radio" e "Ego", a cantora mostra que está bem à frente de
Britney e cia. Provoca meninos
(e meninas) com uma ingenuidade extremamente sexy. E,
além disso, ela solta a voz.
Em um minipalco colocado
no meio da plateia, Beyoncé,
sozinha, canta à capela. Mesmo
não tendo aprendido a cantar
nos corais de igreja, como suas
antecessoras, ela revela que
não dá as costas à tradição da
black music. Beyoncé é Diana
Ross, é Motown.
Há espaço para um medley
de canções de sua antiga banda,
Destiny's Child, e para chacoalhar em "Video Phone" e "Say
My Name". O show está para
acabar, e nos telões vemos alguns dos milhares de vídeos jogados no YouTube com fãs imitando a coreografia do clipe de
"Single Ladies" -nem Barack
Obama ficou imune à canção.
A balada "Halo", a música
mais ouvida das rádios brasileiras em 2009, é dedicada a Michael Jackson, outra influência. "Houve apenas um Michael
Jackson", diz Beyoncé ao microfone. E Beyoncé? Haverá
quantas?
BEYONCÉ
Avaliação: ótimo
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Análise: "Bate-cabelo" é grande arma da cantora Índice
|