São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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'Projetos pararam por teimosia'

da Sucursal do Rio

O presidente da Funarte, Márcio Souza -que teve seu nome confirmado na última semana pelo ministro da Cultura, Francisco Weffort, por mais quatro anos-, disse que o motivo de vários projetos culturais da instituição terem deixado de ser realizados foi a "teimosia" de alguns funcionários.
Segundo Souza, houve discordância entre ele e os responsáveis pela execução dos projetos. No seu entender, esses funcionários tinham uma visão ultrapassada das finalidades da Funarte.
"Alguns projetos não foram realizados não por falta de dinheiro, mas por teimosia de alguns funcionários que já "rodaram' em seus cargos. Eles têm o que eu chamo de síndrome do general Geisel", disse, referindo-se ao ex-presidente, que governou de 1974 a 1979.
Para ele, as pessoas que têm essa "síndrome" se "acostumaram com a época em que a Funarte tinha milhões em recursos e, talvez para compensar a censura aos artistas, soltava muito dinheiro".
"Eles faziam um programa com tudo pago, o artista não corria nenhum tipo de risco. Até foi um momento importante, mas hoje não tem sentido. Não posso financiar as viagens, a produção dos shows e ainda pagar cachês aos artistas como alguns funcionários queriam. Quem não concordar com a política da instituição tem de sair."
O presidente da Funarte estranhou que na relação de empenhos destinados à atividade fim constem dois itens de R$ 51.256,16 cada, comprando uma mesa estilo "Le Corbusier" para seu gabinete.
"Com certeza isso não é referente à compra da mesa, mas à reforma do gabinete inteiro e do andar. Vamos trocar carpetes e móveis."
"Não sei por que a administração usou dinheiro desses R$ 6 milhões (destinados ao incentivo das artes e da cultura). Eu teria de chamar o diretor para explicar. De repente ele usou verbas de outra fontes, convênios e associações de amigos para financiar projetos da atividade fim e compensar." (AL)



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