|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obra do cineasta reflete sobre gêneros
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
O cinema de Guilherme de Almeida Prado é para quem gosta
de cinema. A frase pode parecer
óbvia, mas não é.
Muita gente vai ao cinema para chorar com dramas pungentes, aprender sobre costumes de
povos exóticos ou simplesmente
tomar uns sustos e dar algumas
risadas.
Mas há quem vá ao cinema por
amor ao próprio cinema, ou seja, ao mecanismo técnico-artesanal que produz a ilusão -desde a ilusão básica da imagem em
movimento até a ilusão de, no
espaço de duas horas, viver outra vida, em outro lugar.
Os filmes de Guilherme de Almeida Prado são versões de uma
eterna e reiterada homenagem a
esse prodígio.
A retrospectiva de sua obra é
uma oportunidade de ver como,
a partir de sua experiência como
assistente de direção na chamada Boca do Lixo, ele foi construindo seu universo próprio,
distante do realismo do cinema
ilustrador de histórias.
Surgida na comédia erótica
(ou pornochanchada), com a
qual dialoga seu primeiro longa-metragem, "As Taras de Todos
Nós", sua obra, a partir de "A
Dama do Cine Shanghai", tornou-se um comentário irônico e
afetivo sobre outros gêneros, como o policial "noir", o melodrama e o musical.
Esses gêneros tão "quentes" e
populares, ao passar pela desconstrução operada pelo diretor, tornam-se inegavelmente
frios, impondo ao espectador
um olhar distanciado e crítico.
Quem se deixar levar por esse
olhar descobrirá prazer e emoção em seus filmes. Ou pelo menos admirará seu domínio da
linguagem cinematográfica.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|