São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA
Espaço Unibanco de Cinema exibe, até quinta, seus primeiros filmes
Guilherme de Almeida Prado tem mostra com quatro longas

PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

A obra do cineasta Guilherme de Almeida Prado é lembrada numa pequena mostra que o Espaço Unibanco de Cinema promove até a próxima quinta.
Serão exibidos seus quatro longas-metragens, com exceção de "A Hora Mágica", sua mais recente direção.
"As Taras de Todos Nós" é seu primeiro filme, uma pornochanchada que Prado, formado em engenharia, rodou após ter sido assistente de direção em oito filmes na Boca do Lixo.
Já "Flor do Desejo", de 84, com Imara Reis no elenco, fala sobre o envolvimento de uma prostituta do porto de Santos na criminalidade. "Com esse filme eu pude testar recursos técnicos e ver meus limites, inclusive porque eu mesmo o produzi. Eu conclui o filme com um terço do orçamento previsto, fazendo o epílogo na moviola", conta. A temática mescla elementos do cinema da Boca do Lixo com o experimentalismo estético e referências ao cinema norte-americano, tendência que a geração de cineastas dos anos 80 abraçaria.
"A Dama do Cine Shanghai", considerado o melhor filme de Almeida Prado, passa na quarta. É uma intrincada trama policial, com fortes referências ao clássico de Orson Welles "A Dama de Shanghai" (46).
O último filme apresentado na mostra, "Perfume de Gardênia", não caiu nas graças da crítica. Este filme policial, com José Mayer, foi rodado em plena gestão Collor, quando a extinção da Embrafilme quase sepultou o cinema nacional.
"Se fiz apenas cinco longas em quase 20 anos, se dou preferência a filmes policiais e nunca a épicos, é porque me falta dinheiro. O cinema, infelizmente, está virando evento e deixando de ser arte. E a Lei do Audiovisual, com a crença de que produzindo filmes se cria o mercado, não resolve o problema", diz.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.