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QUADRINHOS
Nova fase do Homem-Aranha chega ao Brasil este mês
ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio
A revista do Homem-Aranha,
publicada pela Abril Jovem, chega
este mês às bancas brasileiras com
uma nova fase de histórias que revela indiretamente uma interessante faceta do mercado de histórias em quadrinhos no Brasil. Em
crise nos EUA, o herói teve sempre a revista de super-heróis mais
vendida por aqui.
Nos EUA, a quantidade de
exemplares vendidos da revista
"The Amazing Spiderman" chegou a um patamar próximo das
180 mil unidades, considerado
baixo para o mercado local, colocando-a acima do 30º lugar na lista das cem mais. No Brasil, com
um mercado muito menor, a vendagem somada das duas revistas
do personagem chega aos 160 mil,
o que a coloca na liderança de seu
segmento.
A mudança sofrida pelo personagem aconteceu em 98 e, se não
foi radical no conteúdo, acabou
sendo na forma. Por lá, duas revistas foram canceladas e as que
sobraram recomeçaram a publicação partindo do número um.
Aqui no Brasil, as duas revistas
do herói, "Homem-Aranha" e "A
Teia do Aranha", continuam a
sua numeração normal.
O número 200 de "Homem-Aranha", atualmente nas bancas,
traz a história na qual o herói enfrenta seu maior inimigo, o escroque Norman Osborn.
Para completar, descobre que a
velhinha tia May está viva e resolve abandonar o traje do Aranha,
com isso, encerra uma fase em
sua história.
No número 201, que chega este
mês às bancas brasileiras, terão se
passado seis meses desde a última
aventura, e o leitor conhecerá um
Peter Parker que cumpriu a promessa de abandonar a identidade
heróica.
Ele finalmente voltou a trabalhar como cientista em uma empresa de ponta e continua como
fotógrafo do "Clarin Diário". Enquanto isso, sua mulher, a supermodelo Mary Jane, viaja o mundo
ganhando fortunas.
Nas primeiras edições, os roteiristas se divertem brincando com
a expectativa do leitor de ver o
protagonista vestir novamente o
traje do herói. Mas ele vai resolvendo todos os problemas que
surgem com sutileza.
A história esquenta quando
uma outra pessoa assume a identidade do Homem-Aranha, deixando Parker intrigado. Uma série de eventos o levará a ter que
decidir entre a promessa que fez à
Mary Jane, de abandonar a vida
de herói, e a necessidade interior,
quase uma compulsão, de se tornar o Aranha.
Na época, o criador do herói, o
roteirista Stan Lee, que comparou
o Homem-Aranha ao Mickey
Mouse, aprovou a idéia de reformulá-lo. "Esqueceram que o Aranha é Peter Parker, um cara normal, com problemas reais. Se concentraram em fazer histórias
cheias de combates, nas quais
Parker mal aparecia. Agora é a
hora de colocá-lo de volta aos eixos. Acho que John Byrne é o nome ideal para isso", afirmou Lee.
Byrne, o desenhista e roteirista
elogiado por Lee, já reformulara o
Super-Homem na década de 80,
foi chamado para reescrever a origem do Aranha na minissérie
"Chapter One", que será chamada por aqui de "Homem-Aranha:
Gênese" e será publicada na revista "A Teia do Aranha".
"Não farei nada de radical. Apenas atualizarei os equipamentos,
as roupas e os cenários", afirmou
Byrne em entrevista à Folha.
A reforma feita pelo desenhista
e roteirista acabou sendo convencional demais. As mudanças foram sutis.
Uma delas, foi ligar a origem do
Aranha à de um de seus maiores
inimigos, o Professor Octopus.
Outra foi alterar a motivação do
criminoso que mata o tio de Parker, fazendo-o receber a lição que
é o mote do personagem: com
grandes poderes vem uma grande
responsabilidade.
Fora isso, Byrne trocou detalhes
irrelevantes como o momento em
que o Peter Parker ganha um microscópio de seu tio, que na versão modernizada se tornou um
computador.
O desenhista diz que mudou
pouco porque o Aranha não tinha
muito a ser consertado. Para ele
só havia um grande erro cometido pelos roteiristas que ele não via
como resolver de uma forma satisfatória, o casamento de Parker
e Mary Jane.
"Eles nunca deviam tê-lo casado. Mas agora temos que lidar
com isso, porque pior do que um
herói casado, é um personagem
desquitado", analisa.
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