São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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QUADRINHOS
Nova fase do Homem-Aranha chega ao Brasil este mês

ALEXANDRE MARON
da Sucursal do Rio

A revista do Homem-Aranha, publicada pela Abril Jovem, chega este mês às bancas brasileiras com uma nova fase de histórias que revela indiretamente uma interessante faceta do mercado de histórias em quadrinhos no Brasil. Em crise nos EUA, o herói teve sempre a revista de super-heróis mais vendida por aqui.
Nos EUA, a quantidade de exemplares vendidos da revista "The Amazing Spiderman" chegou a um patamar próximo das 180 mil unidades, considerado baixo para o mercado local, colocando-a acima do 30º lugar na lista das cem mais. No Brasil, com um mercado muito menor, a vendagem somada das duas revistas do personagem chega aos 160 mil, o que a coloca na liderança de seu segmento.
A mudança sofrida pelo personagem aconteceu em 98 e, se não foi radical no conteúdo, acabou sendo na forma. Por lá, duas revistas foram canceladas e as que sobraram recomeçaram a publicação partindo do número um.
Aqui no Brasil, as duas revistas do herói, "Homem-Aranha" e "A Teia do Aranha", continuam a sua numeração normal.
O número 200 de "Homem-Aranha", atualmente nas bancas, traz a história na qual o herói enfrenta seu maior inimigo, o escroque Norman Osborn.
Para completar, descobre que a velhinha tia May está viva e resolve abandonar o traje do Aranha, com isso, encerra uma fase em sua história.
No número 201, que chega este mês às bancas brasileiras, terão se passado seis meses desde a última aventura, e o leitor conhecerá um Peter Parker que cumpriu a promessa de abandonar a identidade heróica.
Ele finalmente voltou a trabalhar como cientista em uma empresa de ponta e continua como fotógrafo do "Clarin Diário". Enquanto isso, sua mulher, a supermodelo Mary Jane, viaja o mundo ganhando fortunas.
Nas primeiras edições, os roteiristas se divertem brincando com a expectativa do leitor de ver o protagonista vestir novamente o traje do herói. Mas ele vai resolvendo todos os problemas que surgem com sutileza.
A história esquenta quando uma outra pessoa assume a identidade do Homem-Aranha, deixando Parker intrigado. Uma série de eventos o levará a ter que decidir entre a promessa que fez à Mary Jane, de abandonar a vida de herói, e a necessidade interior, quase uma compulsão, de se tornar o Aranha.
Na época, o criador do herói, o roteirista Stan Lee, que comparou o Homem-Aranha ao Mickey Mouse, aprovou a idéia de reformulá-lo. "Esqueceram que o Aranha é Peter Parker, um cara normal, com problemas reais. Se concentraram em fazer histórias cheias de combates, nas quais Parker mal aparecia. Agora é a hora de colocá-lo de volta aos eixos. Acho que John Byrne é o nome ideal para isso", afirmou Lee.
Byrne, o desenhista e roteirista elogiado por Lee, já reformulara o Super-Homem na década de 80, foi chamado para reescrever a origem do Aranha na minissérie "Chapter One", que será chamada por aqui de "Homem-Aranha: Gênese" e será publicada na revista "A Teia do Aranha".
"Não farei nada de radical. Apenas atualizarei os equipamentos, as roupas e os cenários", afirmou Byrne em entrevista à Folha.
A reforma feita pelo desenhista e roteirista acabou sendo convencional demais. As mudanças foram sutis.
Uma delas, foi ligar a origem do Aranha à de um de seus maiores inimigos, o Professor Octopus. Outra foi alterar a motivação do criminoso que mata o tio de Parker, fazendo-o receber a lição que é o mote do personagem: com grandes poderes vem uma grande responsabilidade.
Fora isso, Byrne trocou detalhes irrelevantes como o momento em que o Peter Parker ganha um microscópio de seu tio, que na versão modernizada se tornou um computador.
O desenhista diz que mudou pouco porque o Aranha não tinha muito a ser consertado. Para ele só havia um grande erro cometido pelos roteiristas que ele não via como resolver de uma forma satisfatória, o casamento de Parker e Mary Jane.
"Eles nunca deviam tê-lo casado. Mas agora temos que lidar com isso, porque pior do que um herói casado, é um personagem desquitado", analisa.


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