São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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Pirataria terá nova campanha

DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro da indústria, outro sintoma de preocupação institucional se desnuda com o lançamento da campanha "Produto Pirata - A Vítima É Sempre Você", que pela primeira vez integra em torno do assunto setores produtores de discos, software, vestuário, brinquedos, vídeo, DVD e TV paga.
Estimado em 50% no mercado de discos e em 58% no de software, o índice de pirataria estimulou o investimento total de R$ 4 milhões na campanha que, a partir da semana que vem, identificará o consumidor como "vítima". No anúncio da campanha, entretanto, a "culpa" do consumidor foi termo constante.
"É um mal que se volta contra o próprio consumidor. Seu lucro é imediato no preço menor, mas será revertido depois. O consumidor está criando malefícios graves nesse processo e precisa se conscientizar disso", disse o advogado e porta-voz do anúncio André de Almeida, da organizarão internacional Business Software Alliance.
"O problema é de educação, de o consumidor ver que o pirata de hoje financia o sequestrador de sua filha amanhã", disse o representante da Associação Brasileira de Telecomunicações por Assinatura, Alexandre Annenberg.
"O consumidor não sabe que também é culpado, mas é, porque financia uma indústria criminosa sem se dar conta. O governo tem uma parcela grande de culpa, porque a pirataria acontece ao ar livre, na frente de órgãos públicos", disse Almeida à Folha, evitando abordagem autocrítica.
Eduardo Rajo, representante da Associação Brasileira dos Produtores de Discos, opina: "A gente não quer passar a imagem de que o consumidor é culpado. A analogia é com o usuário de drogas".
Objetivo colateral da campanha, segundo Almeida, é "gerar um movimento privado que conscientize também o governo e o force a tomar iniciativas contra a pirataria". Mesmo assim, o delegado Roberto Precioso Jr., que preside desde 2001 um comitê interministerial de combate à pirataria, não foi convidado.
"Não quisemos que o governo viesse aqui falar porque se trata de um esforço privado. O delegado Precioso já ouviu tudo isso, em nível privado", disse Almeida.
Sem governo, quem foi convocado a participar do lançamento da campanha foi o grupo de forró que é um dos mais pirateados no Brasil. Num paradoxo com a agressividade dos termos da campanha dirigida ao público, o nome do grupo é Falamansa. (PAS)


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