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Pirataria terá nova campanha
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro da indústria, outro sintoma de preocupação institucional se desnuda com o lançamento
da campanha "Produto Pirata - A
Vítima É Sempre Você", que pela
primeira vez integra em torno do
assunto setores produtores de
discos, software, vestuário, brinquedos, vídeo, DVD e TV paga.
Estimado em 50% no mercado
de discos e em 58% no de software, o índice de pirataria estimulou
o investimento total de R$ 4 milhões na campanha que, a partir
da semana que vem, identificará o
consumidor como "vítima". No
anúncio da campanha, entretanto, a "culpa" do consumidor foi
termo constante.
"É um mal que se volta contra o
próprio consumidor. Seu lucro é
imediato no preço menor, mas será revertido depois. O consumidor está criando malefícios graves
nesse processo e precisa se conscientizar disso", disse o advogado
e porta-voz do anúncio André de
Almeida, da organizarão internacional Business Software Alliance.
"O problema é de educação, de
o consumidor ver que o pirata de
hoje financia o sequestrador de
sua filha amanhã", disse o representante da Associação Brasileira
de Telecomunicações por Assinatura, Alexandre Annenberg.
"O consumidor não sabe que
também é culpado, mas é, porque
financia uma indústria criminosa
sem se dar conta. O governo tem
uma parcela grande de culpa,
porque a pirataria acontece ao ar
livre, na frente de órgãos públicos", disse Almeida à Folha, evitando abordagem autocrítica.
Eduardo Rajo, representante da
Associação Brasileira dos Produtores de Discos, opina: "A gente
não quer passar a imagem de que
o consumidor é culpado. A analogia é com o usuário de drogas".
Objetivo colateral da campanha, segundo Almeida, é "gerar
um movimento privado que
conscientize também o governo e
o force a tomar iniciativas contra
a pirataria". Mesmo assim, o delegado Roberto Precioso Jr., que
preside desde 2001 um comitê interministerial de combate à pirataria, não foi convidado.
"Não quisemos que o governo
viesse aqui falar porque se trata de
um esforço privado. O delegado
Precioso já ouviu tudo isso, em
nível privado", disse Almeida.
Sem governo, quem foi convocado a participar do lançamento
da campanha foi o grupo de forró
que é um dos mais pirateados no
Brasil. Num paradoxo com a
agressividade dos termos da campanha dirigida ao público, o nome do grupo é Falamansa.
(PAS)
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