|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXPOSIÇÃO
Mostra pretende recuperar memória da cantora antes da ida a Hollywood
Carmen "brasileira" chega a SP
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos símbolos máximos da
brasilidade, a mais famosa cantora do país no século passado foi
reduzida durante décadas ao estereótipo que a consagrou no exterior. Por razões diversas, a sólida
carreira musical de Carmen Miranda no Brasil -que acumulou
todo o tipo de feito em números
de gravações, cachês e popularidade- foi ofuscada pela
"bombshell" hollywoodiana.
A exposição "Carmen Miranda
para Sempre", em cartaz no Memorial da América Latina a partir
de hoje, pretende reparar parte
desse hiato. "O propósito da exposição é resgatar a idéia dela no
Brasil, antes de Hollywood", afirma o curador Fabiano Canosa.
Apaixonado por Carmen desde
criancinha, Canosa possui vasto
acervo, especialmente do lado cinematográfico, que inclui cartazes, fotos e roteiros. "Ela era a mulher mais popular do Brasil. Jamais houve outra como ela."
A mostra foi idealizada para
lembrar os 50 anos da morte de
Carmen (1909-1955) e, durante os
50 dias em que esteve no MAM do
Rio, atraiu 30 mil visitantes. O
museu dedicado a ela no parque
do Flamengo, também no Rio, recebe de 4.000 a 6.000 pessoas por
ano -80% estrangeiros, 60% deles americanos.
"Carmen ficou 14 anos sem vir
ao Brasil, no momento em que estava acontecendo a Segunda
Guerra Mundial. Não tocavam
mais as músicas dela no rádio,
não havia mais discos, mas as pessoas da velha-guarda nunca se esqueceram dela", diz Canosa.
A cantora gravou oficialmente
281 músicas no Brasil, entre 1929 e
1940, e atuou em seis filmes nacionais. Nos EUA, foram 14 longas-metragens e 32 gravações. Lançados em DVD há apenas três, feitos
fora da Fox, o estúdio onde ela
trabalhou durante mais tempo.
Na mostra no Memorial, um vídeo reúne dez trechos musicais
dos filmes feitos na Fox. Será exibido ainda o documentário "Banana Is My Business", de Helena
Solberg (veja texto ao lado).
"Houve um tempo em que não
se podia falar de Carmen Miranda
[no Brasil], era politicamente incorreto. Uma facção dizia que
Carmen teria se vendido aos americanos", conta Marilia Pêra. "Até
que o Caetano veio do exílio fazendo a Carmen Miranda."
Marilia interpretou Carmen pela primeira vez em 1965, para
substituir uma colega da companhia de dança da qual fazia parte,
durante temporada no México.
Em 1972, estreou uma peça que
contava a vida da "pequena notável" e agora está em cartaz no Rio
com o espetáculo "Marilia Pêra
Canta Carmen Miranda", no qual
interpreta 45 músicas. Não há
previsão de apresentações em SP.
Guarda-roupa
A vida da cantora é apresentada
na mostra por meio de uma cronologia ilustrada com fotos, e texto de Ruy Castro, autor da biografia "Carmen", lançada em 2005.
O seu estilo, que segundo a revista "Variety" era o mais copiado
nos EUA em 1951, é representado
por figurinos de seus filmes, balangandãs, malas e sapatos, emprestados do museu Carmen Miranda. "Ela era muito glamourosa, se vestia, comprava os tecidos.
Era imitada antes mesmo da baiana", conta Cesar Balbi, diretor do
museu que preserva seu acervo.
A mostra traz também fotos feitas por Annemarie Heinrich, alemã radicada em Buenos Aires, e
contempla a carreira de Aurora,
que eternizou "Cidade Maravilhosa" e morreu em dezembro
passado aos 90 anos.
Carmen Miranda para Sempre
Quando: de ter. a dom., das 9h às 18h;
até 16 de abril
Onde: galeria Marta Traba (Memorial da
América Latina - av. Auro Soares de
Moura Andrade, 664, Barra
Funda, tel. 0/xx/11/3823-4600)
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Marcelo Coelho: Fantasmas dentro de um piano de cauda Próximo Texto: Documentário sobre a intérprete volta ao cinema Índice
|