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DVDs/Crítica/"Butch Cassidy"
Charmosos bandidos voltam em edição especial
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não haveria "Butch Cassidy" se o ano não fosse 1969, se não houvesse guerra no Vietnã, se o cinema não estivesse mudando, se
os estudantes não estivessem
em pé de guerra.
Ou poderia até haver, mas seria diferente. Para que o filme
dirigido por George Roy Hill resultasse no que resultou, o momento era fundamental. Havia,
por um lado, o Oeste, a representação mais tradicional da
América. Ora, a celebração de
bandidos como Butch Cassidy e
Sundance Kid só podia se dar
nessa situação, em um mundo
onde a iconoclastia era bem recebida, de maneira que era possível que os heróis fossem dois
notórios anti-heróis.
Butch e Sundance, tal como
concebidos originalmente por
William Goldman, o roteirista,
eram também bandidos simpáticos, cheios de imaginação e
humor. Eram com toda certeza
mais charmosos do que os originais, já que Paul Newman e
Robert Redford (este então
ainda uma estrela ascendente)
eram os intérpretes.
Completava o grupo central
Katharine Ross, como Etta Place, a garota que namora os dois
caubóis ao mesmo tempo: personagem a calhar para aquele
momento de liberdade sexual
recém-conquistada.
O quadro se completa pelo
fato de "Butch Cassidy" ser um
faroeste crepuscular, que enfoca o momento, final do século
19, em que o Oeste chegava ao
fim, tocado pela civilização, em
que aquela parte do mundo que
até então representara o espírito de liberdade para os caubóis
agora devia ser ordenado. Anti-heróis, Butch e Sundance sofrem implacável perseguição
da lei. Fogem para a Bolívia.
Edição comemorativa
É verdade que a mística cresceu com o tempo até chegar a
esta bela edição comemorativa
de 40 anos, com um disco só de
extras em que é dado como um
fenômeno. Mas é verdade que
concorreu ao Oscar (ganhou
roteiro, perdeu direção e filme)
e que os demais indicados não
eram filmes bobos. Que mesclava humor e aventura de forma desenvolta. Que sabia criar
a parte de espetáculo sem perder o sentido da modernidade.
Convém observar os momentos em que "Butch Cassidy" entrega-se a digressões (o passeio
quase godardiano de Etta e
Butch).
É o caso de lembrar outro aspecto ligado ao tempo: "Butch
Cassidy" teve à frente Richard
Zanuck, filho de Darryl Zanuck
e importante produtor de um
momento em que as grandes
corporações e seus financistas
ainda não haviam tomado a
frente dos negócios em Hollywood. Foi um momento particularmente fértil do cinema
americano e do cinema em geral. Por fim: não se pode esquecer da música de Burt Bacharach para este filme. É preciosa.
BUTCH CASSIDY
Direção: George Roy Hill
Lançamento: Fox (R$ 24,90, em média; DVD duplo)
Classificação: não indicado a menores de 12 anos
Avaliação: ótimo
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