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CRÍTICA
Rapper quase faz seu "O Poderoso Chefão 2"
DA REPORTAGEM LOCAL
Rappin " Hood diz que o
rap é a nova música popular brasileira. E quem vai discutir com ele?
"Sábado de Carnaval, que beleza/ É dia de desfile, é/ Só alegria/ Meu rap é o enredo", canta Hood em "Dia de Desfile 2
-°A Apoteose". Com samples
de Martinho da Vila e do maior
hit do rapper, "Sou Negrão",
faz a ponte certeira entre os
"Sujeito Homem" partes 1 e 2.
Como quer Rappin" Hood, os
dois álbuns são complementares; em seus temas, ele foge da
glamourização da violência, do
machismo, da hostilização de
classes. Mas, como ele afirma, é
um discurso contundente, semelhante ao dos Racionais, feito de forma diferente.
Em "Us Guerreiro", fala de
Zumbi, Palmares, sobre a esperança depositada numa criança; a música é cantada como se
ele contasse uma história a seu
filho. Faz parceria com "Us
Playboy", mais enfática, sobre
como "quem vem do morro
não tem medo de assalto".
Em "Ex-157", flexiona bastante a voz, dando ritmo, dinâmica, não cansa a música. É a
história de um ex-ladrão, regenerado, que não quer "virar
notícia na comédia do Datena".
Se queria fazer uma trilogia
como a de "Guerra nas Estrelas" ou a de "Poderoso Chefão", Rappin" Hood escorregou
nas tintas.
Porque, apesar de toda a justificativa que dê para incluir
Caetano Veloso e Gilberto Gil
em seu disco, não há nada "menos rap" do que "Odara" (do
primeiro) e "Andar com Fé"
(do segundo).
"Odara" está, um pouco dela,
em "Rap du Bom Parte 2".
Quando ele convoca, no meio
da canção, "aumenta o volume
que é rap du bom", e aí entra alguns versos de "Odara"... não
funciona, nem como ironia.
Em "Axé", o pedaço que traz
"Andar com Fé" soa conformista -coisa que o rap definitivamente nunca deveria ser.
A MPB imprimida por Rappin" Hood dá certo, por sua vez,
em "À Minha Favela", um samba tão sincero e transparente
que desarma até o mais radical
dos fãs de rap.
Se a música de Cartola era
descrita como elegante, dá para
dizer o mesmo do rap de Hood.
Não é à toa que ele sampleou
"Preciso me Encontrar", daquele que é o nome maior do
samba carioca, para dar cara à
sua "Zé Brasileiro".
O samba faz bela parceria
com o rap em "Quantos Morros". Já em "Se Toca", ele chama Dudu Nobre para "dar um
recado naqueles que encaram o
rap como brincadeira".
Rappin" Hood está construindo sua trilogia. Com "Sujeito Homem 2", faltou pouco
para fazer deste o seu "O Poderoso Chefão 2".
(TN)
Sujeito Homem 2
Artista: Rappin" Hood
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 30, em média
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