São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2005

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CRÍTICA

Rapper quase faz seu "O Poderoso Chefão 2"

DA REPORTAGEM LOCAL

Rappin " Hood diz que o rap é a nova música popular brasileira. E quem vai discutir com ele?
"Sábado de Carnaval, que beleza/ É dia de desfile, é/ Só alegria/ Meu rap é o enredo", canta Hood em "Dia de Desfile 2 -°A Apoteose". Com samples de Martinho da Vila e do maior hit do rapper, "Sou Negrão", faz a ponte certeira entre os "Sujeito Homem" partes 1 e 2.
Como quer Rappin" Hood, os dois álbuns são complementares; em seus temas, ele foge da glamourização da violência, do machismo, da hostilização de classes. Mas, como ele afirma, é um discurso contundente, semelhante ao dos Racionais, feito de forma diferente.
Em "Us Guerreiro", fala de Zumbi, Palmares, sobre a esperança depositada numa criança; a música é cantada como se ele contasse uma história a seu filho. Faz parceria com "Us Playboy", mais enfática, sobre como "quem vem do morro não tem medo de assalto".
Em "Ex-157", flexiona bastante a voz, dando ritmo, dinâmica, não cansa a música. É a história de um ex-ladrão, regenerado, que não quer "virar notícia na comédia do Datena".
Se queria fazer uma trilogia como a de "Guerra nas Estrelas" ou a de "Poderoso Chefão", Rappin" Hood escorregou nas tintas.
Porque, apesar de toda a justificativa que dê para incluir Caetano Veloso e Gilberto Gil em seu disco, não há nada "menos rap" do que "Odara" (do primeiro) e "Andar com Fé" (do segundo).
"Odara" está, um pouco dela, em "Rap du Bom Parte 2". Quando ele convoca, no meio da canção, "aumenta o volume que é rap du bom", e aí entra alguns versos de "Odara"... não funciona, nem como ironia. Em "Axé", o pedaço que traz "Andar com Fé" soa conformista -coisa que o rap definitivamente nunca deveria ser.
A MPB imprimida por Rappin" Hood dá certo, por sua vez, em "À Minha Favela", um samba tão sincero e transparente que desarma até o mais radical dos fãs de rap.
Se a música de Cartola era descrita como elegante, dá para dizer o mesmo do rap de Hood. Não é à toa que ele sampleou "Preciso me Encontrar", daquele que é o nome maior do samba carioca, para dar cara à sua "Zé Brasileiro".
O samba faz bela parceria com o rap em "Quantos Morros". Já em "Se Toca", ele chama Dudu Nobre para "dar um recado naqueles que encaram o rap como brincadeira".
Rappin" Hood está construindo sua trilogia. Com "Sujeito Homem 2", faltou pouco para fazer deste o seu "O Poderoso Chefão 2". (TN)


Sujeito Homem 2
   
Artista: Rappin" Hood
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 30, em média


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