São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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Para arquitetos, basílica é "interessante"

Especialistas defendem contraste entre escala grandiosa do templo e sua "rusticidade" no acabamento

DA REPORTAGEM LOCAL

A comparação que o artista sacro Cláudio Pastro faz entre as basílicas de São Pedro e de Aparecida -a favor desta última- contraria de maneira quase escandalosa o senso comum ilustrado que considera a igreja localizada às margens da Via Dutra, no mínimo, feia.
Arquitetos ouvidos pela Folha ficam a meio caminho entre o elogio aberto de Pastro e as reservas comuns à basílica brasileira.
Questionado sobre a beleza de Aparecida, Luis Mauro Freire, do Projeto Paulista de Arquitetura, respondeu: "Eu diria que é bonita".
"O que acho interessante na basílica está, em primeiro lugar, na sua escala, que atende a uma demanda necessária, a um público que é muito grande, que no entanto não cai no risco de ostentação. Ao mesmo tempo, até para contrabalancear essa escala monumental, há uma rusticidade nos acabamentos, o que lhe confere uma característica singela, e aproxima as pessoas da construção", ele diz.
Seu colega Fabio Mariz Gonçalves -ambos participaram do projeto da catedral do Campo Limpo, em São Paulo- afirma que pensar Aparecida "em termos de feio e bonito é apequenar a discussão".
Gonçalves também elogia a escala da construção e "rusticidade" do acabamento. Diz que a basílica termina sendo "muito bem-feita e adequada ao clima brasileiro".
Já para Gilberto Belleza, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, a basílica, "do ponto de vista arquitetônico, não tem valor relevante".
"É uma edificação que remete a uma linguagem muito utilizada pela produção dos edifícios ligados à Igreja Católica, que buscavam uma identidade com uma imagem européia de templo, que não tem nenhuma ligação com nossa cultura, mas sim com a imagem pretendida imponente", afirma o presidente do IAB.
Ele elogia, de toda forma, "a linguagem cerâmica utilizada pelo uso dos tijolos e a grande cúpula central, que representa um belíssimo espaço, resultante de uma correta construção" e diz que, para além disso, a basílica tem, "perante a sociedade brasileira, um valor que supera sua qualidade arquitetônica".
(RAFAEL CARIELLO)


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