São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Cinesesc exibe os prediletos do público e da crítica

Festival que começa hoje reúne 58 filmes, entre nacionais e estrangeiros em cartaz no Brasil durante o ano passado

Até o dia 24, mostra traz sucessos como o premiado "Tropa de Elite" e filmes menos vistos, como "Império dos Sonhos", de David Lynch

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Festival Sesc dos Melhores Filmes, que inicia hoje sua 34ª edição, é uma chance que os cinéfilos paulistanos têm de ver ou rever o que passou de mais significativo pelas telas da cidade em 2007. Até o dia 24, o Cinesesc exibirá 58 filmes escolhidos pela crítica especializada e pelo público freqüentador do cinema.
Na seleção há desde obras muito vistas, como o brasileiro "Tropa de Elite", de José Padilha, e o multinacional "Babel", de Alejandro González Iñarritu, até preciosidades que ficaram pouco tempo em cartaz e mereceram menos atenção do que mereciam.
São estas últimas que justificam o festival. Entre elas estão o chinês "Em Busca da Vida", de Jia Zhang-ke, e os americanos "Império dos Sonhos", de David Lynch, e "Maria", de Abel Ferrara, além de uma porção de ótimos filmes brasileiros: "Cão sem Dono", de Beto Brant; "Mutum", de Sandra Kogut; "Não por Acaso", de Philippe Barcinski; "A Via Láctea", de Lina Chamie etc.
Num ano de produção internacional forte e variada, mas com poucas obras-primas, os filmes de Lynch e Zhang-ke se destacam como experiências autorais radicais, imunes às concessões que marcam os últimos trabalhos de grandes cineastas como Alain Resnais ("Medos Privados em Lugares Públicos") e Werner Herzog ("O Sobrevivente"), também presentes no ciclo.

Recursos digitais
"Em Busca da Vida", de Zhang-ke, coloca em cena dois personagens que perambulam por uma paisagem em transformação, uma cidade destruída e reconstruída em função de uma barragem. Rearticula temas e motivos do cinema neo-realista com uma experimentação estética que deve muito aos novos recursos digitais.
No outro extremo, o vertiginoso "Império dos Sonhos" aprofunda o mergulho no imaginário e na representação (onírica, estética) de David Lynch em "Cidade dos Sonhos". Uma viagem cinematográfica rara nos dias de hoje.
Por fim, há os "valores seguros", trabalhos realizados com a habitual competência por cineastas como Clint Eastwood ("Cartas de Iwo Jima", buscando o ponto de vista japonês na Segunda Guerra), Claude Chabrol (radiografando em "A Comédia do Poder" as relações entre o público e o privado na França) e Jorge Furtado (brincando, em "Saneamento Básico", com o fazer cinema num país de carências primárias).


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