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Cinesesc exibe os prediletos do público e da crítica
Festival que começa hoje reúne 58 filmes, entre nacionais e estrangeiros em cartaz no Brasil durante o ano passado
Até o dia 24, mostra traz sucessos como o premiado
"Tropa de Elite" e filmes menos vistos, como "Império
dos Sonhos", de David Lynch
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Festival Sesc dos Melhores
Filmes, que inicia hoje sua 34ª
edição, é uma chance que os cinéfilos paulistanos têm de ver
ou rever o que passou de mais
significativo pelas telas da cidade em 2007. Até o dia 24, o Cinesesc exibirá 58 filmes escolhidos pela crítica especializada
e pelo público freqüentador do
cinema.
Na seleção há
desde obras muito vistas, como
o brasileiro "Tropa de Elite", de
José Padilha, e o multinacional
"Babel", de Alejandro González
Iñarritu, até preciosidades que
ficaram pouco tempo em cartaz
e mereceram menos atenção
do que mereciam.
São estas últimas que justificam o festival. Entre elas estão
o chinês "Em Busca da Vida",
de Jia Zhang-ke, e os americanos "Império dos Sonhos", de
David Lynch, e "Maria", de
Abel Ferrara, além de uma porção de ótimos filmes brasileiros: "Cão sem Dono", de Beto
Brant; "Mutum", de Sandra
Kogut; "Não por Acaso", de
Philippe Barcinski; "A Via Láctea", de Lina Chamie etc.
Num ano de produção internacional forte e variada, mas
com poucas obras-primas, os
filmes de Lynch e Zhang-ke se
destacam como experiências
autorais radicais, imunes às
concessões que marcam os últimos trabalhos de grandes cineastas como Alain Resnais
("Medos Privados em Lugares
Públicos") e Werner Herzog
("O Sobrevivente"), também
presentes no ciclo.
Recursos digitais
"Em Busca da Vida", de
Zhang-ke, coloca em cena dois
personagens que perambulam
por uma paisagem em transformação, uma cidade destruída e
reconstruída em função de
uma barragem. Rearticula temas e motivos do cinema neo-realista com uma experimentação estética que deve muito aos
novos recursos digitais.
No outro extremo, o vertiginoso "Império dos Sonhos"
aprofunda o mergulho no imaginário e na representação
(onírica, estética) de David
Lynch em "Cidade dos Sonhos". Uma viagem cinematográfica rara nos dias de hoje.
Por fim, há os "valores seguros", trabalhos realizados com
a habitual competência por cineastas como Clint Eastwood
("Cartas de Iwo Jima", buscando o ponto de vista japonês na
Segunda Guerra), Claude Chabrol (radiografando em "A Comédia do Poder" as relações
entre o público e o privado na
França) e Jorge Furtado (brincando, em "Saneamento Básico", com o fazer cinema num
país de carências primárias).
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