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Crítica/"Quiet Nights"
Cantora sussurra e derrapa no português
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Diana Krall e outros
cantores estrangeiros,
que têm insistido em
gravar em português, precisam
conversar urgentemente com a
cuidadosa Stacey Kent. Fã assumida da música brasileira,
esta americana declarou, ao se
apresentar aqui em 2008, que
só pretende cantar em português após estudar nossa língua
e dominar sua pronúncia.
Por mais que sejam boas as
intenções de Krall, sua suposta
homenagem à música brasileira quase vira piada ao se ouvirem tantas derrapadas na pronúncia dos versos da canção
"Este Teu Olhar". Suas tentativas de decalcar o sotaque carioca chegam a ser hilariantes.
Tom Jobim, autor dessa canção, não merece. Nem mesmo
os fãs brasileiros da cantora
merecem ouvir algo assim.
Esse não é o único senão de
"Quiet Nights", que, de maneira geral, soa como uma sequela
pouco inspirada do álbum "The
Look of Love" (2001). A começar pelo repertório um tanto
óbvio, que inclui um costumeiro Burt Bacharach ("Walk on
By") e standards da canção norte-americana que já foram gravados centenas de vezes, inclusive de maneira mais criativa,
por outros intérpretes do jazz.
Os arranjos do experiente
Claus Ogerman ajudam na consistência sonora, mas será que
Krall achou que só por ter tornado "Garota de Ipanema" em
"The Boy from Ipanema" conseguiu imprimir algo novo a
uma canção desgastada por décadas de redundância?
Também incomoda a maneira como ela canta, quase sussurrando, com voz mais grave
do que em outros álbuns. A intenção é, obviamente, soar sensual, mas o resultado não convence, soa meio falso. Será que
Elvis Costello levou a sério essa
"carta de amor"?
(CC)
QUIET NIGHTS
Artista: Diana Krall
Gravadora: Verve/Universal
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: regular
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