São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009

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Crítica/"Quiet Nights"

Cantora sussurra e derrapa no português

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diana Krall e outros cantores estrangeiros, que têm insistido em gravar em português, precisam conversar urgentemente com a cuidadosa Stacey Kent. Fã assumida da música brasileira, esta americana declarou, ao se apresentar aqui em 2008, que só pretende cantar em português após estudar nossa língua e dominar sua pronúncia.
Por mais que sejam boas as intenções de Krall, sua suposta homenagem à música brasileira quase vira piada ao se ouvirem tantas derrapadas na pronúncia dos versos da canção "Este Teu Olhar". Suas tentativas de decalcar o sotaque carioca chegam a ser hilariantes. Tom Jobim, autor dessa canção, não merece. Nem mesmo os fãs brasileiros da cantora merecem ouvir algo assim.
Esse não é o único senão de "Quiet Nights", que, de maneira geral, soa como uma sequela pouco inspirada do álbum "The Look of Love" (2001). A começar pelo repertório um tanto óbvio, que inclui um costumeiro Burt Bacharach ("Walk on By") e standards da canção norte-americana que já foram gravados centenas de vezes, inclusive de maneira mais criativa, por outros intérpretes do jazz.
Os arranjos do experiente Claus Ogerman ajudam na consistência sonora, mas será que Krall achou que só por ter tornado "Garota de Ipanema" em "The Boy from Ipanema" conseguiu imprimir algo novo a uma canção desgastada por décadas de redundância?
Também incomoda a maneira como ela canta, quase sussurrando, com voz mais grave do que em outros álbuns. A intenção é, obviamente, soar sensual, mas o resultado não convence, soa meio falso. Será que Elvis Costello levou a sério essa "carta de amor"? (CC)


QUIET NIGHTS

Artista: Diana Krall
Gravadora: Verve/Universal
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: regular



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