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TEATRO
Desde a estréia, em 8/4, montagem foi vista por 15 mil pessoas; ressalvas têm a ver com temática e uso de espaço público
Artistas tecem críticas a musical "Grease", em SP
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
O fato de ser realizado num teatro público, o Sérgio Cardoso,
pertencente ao governo do Estado
de São Paulo, e a sua temática
"importada" têm rendido a
"Grease" restrições por parte de
componentes da classe teatral.
Realização brasileira a partir de
um texto norte-americano sobre
a juventude dos anos 50, o musical já arrebanhou, desde o dia 8/4,
segundo a sua produção, uma
platéia de 15 mil pessoas.
"Diante da terra arrasada que é
hoje a cultura no país, com a ausência de políticas culturais claras,
os espaços públicos e mesmo os
privados precisam fomentar produções artísticas e não um reconhecido entretenimento enlatado", diz a cenógrafa e pesquisadora Márcia de Barros, 43, integrante do movimento Arte contra a
Barbárie e membro do grupo de
trabalho que redigiu a proposta
de lei para o Programa Municipal
de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Para o ator e diretor Hugo Possolo, 40, que viu o espetáculo e
afirma apreciar a referência que a
trama faz à sua adolescência
-"Grease" foi sucesso cinematográfico em 1978- a ressalva tem a
ver com a escolha do repertório.
"Acho que todo o mundo tem
direito de ocupar o espaço público. Por outro lado, me deixa frustrado que haja a reprodução de
modelos de fora, quando a gente
tem um teatro musical brasileiro
de tradição fortíssima, que acaba
não sendo realizado."
"Nosso teatro musical não tem
uma cara. O que há é parecido
com o teatro alemão de Brecht,
Kurt Weill. Porque não tem formato americano e de entretenimento, ninguém o critica", diz José Pando, 35, um dos produtores
da peça, patrocinada pelo Banco
Volkswagen e pela Consigaz.
Para ele, o uso do teatro público
beneficia a população. "Isso ajuda, por exemplo, a praticar o preço que praticamos [seu ingresso
mais caro custa R$ 60; entradas
para a "A Bela e a Fera", da CIE, variam de R$ 40 a R$ 150]."
"O Sérgio Cardoso é um teatro
de 862 lugares, presta-se a grandes montagens, de qualidade técnica. "Grease" preenche essas qualificações", afirma Wladimir Soares, 57, diretor do espaço.
Segundo ele, o espetáculo "tapa
um buraco da programação".
Não foi fechada para o período a
apresentação prevista da remontagem de "Caixa 2", de Juca de
Oliveira. "Grease", que faz seis
sessões semanais, encerra temporada no teatro Sérgio Cardoso no
dia 29/6 e ainda não tem outro
teatro acertado. O investimento
na realização do musical ficou em
torno de R$ 1,5 milhão.
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