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SHOW
Músico gaúcho que foi um dos precursores do samba-rock faz apresentação especial com convidados, em São Paulo
Luis Vagner comemora 40 anos de guitarra e suingue
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
É dia de festa para o gaúcho Luis
Vagner, 55, que quer utilizar o
show que faz hoje no Bourbon
Street para comemorar 40 anos de
jovem guarda, suingue, samba-rock e samba-soul.
Sob discotecagem do entusiasta
da cultura black brasileira de porão DJ Hum, deve passar pelo palco de Luis Vagner uma fileira de
convidados especiais, dos contemporâneos Théo Werneck e
Caboclada aos veteranos Eduardo
Araujo e Silvinha.
A seleção de amigos musicais
parece maluca, mas não é. Embora um eterno desconhecido do
grande público brasileiro, Luis
Vagner faz jus a quatro décadas
de intensa história acumulada.
Roqueiro de sangue mestiço, ele
começou nos braços da jovem
guarda, ainda no Rio Grande do
Sul, fundando em 63 o grupo local
de surf music The Jetsons. "Foi o
marco inicial, eu com 14 anos já
me apresentando em programas
locais de TV", relembra.
Solando na guitarra dos Jetsons,
Luis já preparava o futuro codinome "guitarreiro". Em 1966, estava
em São Paulo e integrando o grupo Os Brasas, um dos primeiros a
inserir no rock quadrado da jovem guarda elementos de suingue
e balanço negro que, mais tarde,
desembocariam no samba-rock.
Um de seus colegas de banda
era Franco, futuro samba-roqueiro do hit "O Rock do Rato" (78),
futuro empresário de ídolos sertanejos e futuro pai do trio KLB.
Luis seguiu cortejando o iê-iê-iê
de cá e a black music de lá: atuou
como músico do galã Eduardo
Araujo e cedeu sucessos black a
Wilson Simonal (como "Moro no
Fim da Rua", de 70).
"Roberto e Erasmo eram os
Beatles brasileiros. Eduardo e Silvinha, Deny e Dino, e nós éramos
mais os Rolling Stones, fazendo
um rock mais duro, não tão românticos", define.
Em carreira solo nos 70, ajudou
a moldar o samba-rock -um rótulo que não o agrada, como não
agrada ao símbolo maior do gênero, Jorge Ben. Ainda assim eles seguem entrelaçados ao estilo e
também um ao outro -em 81,
Jorge gravou o tributo suingado
"Luis Vagner Guitarreiro".
Para lá do sucesso de Jorge Ben,
o samba-rock seguiu no subsolo,
rendendo parcerias e LPs (hoje
difundidos em bailes suburbanos,
mas também em festas black mais
modernosas) de Luis Vagner, Bebeto, Hélio Matheus, Bedeu,
Franco, Elizabeth Vianna...
Luis se responsabilizou pela inserção do reggae na fórmula
("sou roots, rock e reggae, como
dizia Bob Marley"). Em 2001, lançou de uma vez dois CDs inéditos
("Swingante" e "Brasileiro Sulrealista") e segue como um dos pilares de sustentação do subsolo black-pop nacional. É o que dá razão de ser à homenagem de hoje.
LUIS VAGNER - Show comemorativo de 40 anos de carreira. Onde: Bourbon
Street Music Club (r. dos Chanés, 127,
Moema, SP, tel. 0/xx/11/5095-6100).
Quando: hoje, às 22h30. Quanto: R$ 20.
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