UOL


São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW

Músico gaúcho que foi um dos precursores do samba-rock faz apresentação especial com convidados, em São Paulo

Luis Vagner comemora 40 anos de guitarra e suingue

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

É dia de festa para o gaúcho Luis Vagner, 55, que quer utilizar o show que faz hoje no Bourbon Street para comemorar 40 anos de jovem guarda, suingue, samba-rock e samba-soul.
Sob discotecagem do entusiasta da cultura black brasileira de porão DJ Hum, deve passar pelo palco de Luis Vagner uma fileira de convidados especiais, dos contemporâneos Théo Werneck e Caboclada aos veteranos Eduardo Araujo e Silvinha.
A seleção de amigos musicais parece maluca, mas não é. Embora um eterno desconhecido do grande público brasileiro, Luis Vagner faz jus a quatro décadas de intensa história acumulada.
Roqueiro de sangue mestiço, ele começou nos braços da jovem guarda, ainda no Rio Grande do Sul, fundando em 63 o grupo local de surf music The Jetsons. "Foi o marco inicial, eu com 14 anos já me apresentando em programas locais de TV", relembra.
Solando na guitarra dos Jetsons, Luis já preparava o futuro codinome "guitarreiro". Em 1966, estava em São Paulo e integrando o grupo Os Brasas, um dos primeiros a inserir no rock quadrado da jovem guarda elementos de suingue e balanço negro que, mais tarde, desembocariam no samba-rock.
Um de seus colegas de banda era Franco, futuro samba-roqueiro do hit "O Rock do Rato" (78), futuro empresário de ídolos sertanejos e futuro pai do trio KLB.
Luis seguiu cortejando o iê-iê-iê de cá e a black music de lá: atuou como músico do galã Eduardo Araujo e cedeu sucessos black a Wilson Simonal (como "Moro no Fim da Rua", de 70).
"Roberto e Erasmo eram os Beatles brasileiros. Eduardo e Silvinha, Deny e Dino, e nós éramos mais os Rolling Stones, fazendo um rock mais duro, não tão românticos", define.
Em carreira solo nos 70, ajudou a moldar o samba-rock -um rótulo que não o agrada, como não agrada ao símbolo maior do gênero, Jorge Ben. Ainda assim eles seguem entrelaçados ao estilo e também um ao outro -em 81, Jorge gravou o tributo suingado "Luis Vagner Guitarreiro".
Para lá do sucesso de Jorge Ben, o samba-rock seguiu no subsolo, rendendo parcerias e LPs (hoje difundidos em bailes suburbanos, mas também em festas black mais modernosas) de Luis Vagner, Bebeto, Hélio Matheus, Bedeu, Franco, Elizabeth Vianna...
Luis se responsabilizou pela inserção do reggae na fórmula ("sou roots, rock e reggae, como dizia Bob Marley"). Em 2001, lançou de uma vez dois CDs inéditos ("Swingante" e "Brasileiro Sulrealista") e segue como um dos pilares de sustentação do subsolo black-pop nacional. É o que dá razão de ser à homenagem de hoje.


LUIS VAGNER - Show comemorativo de 40 anos de carreira. Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, SP, tel. 0/xx/11/5095-6100). Quando: hoje, às 22h30. Quanto: R$ 20.


Texto Anterior: Mostra: Lina Kim explode limites em espelhos
Próximo Texto: Pop: Stereo Total traz Berlim, Londres e Nova York a SP
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.