DA REDAÇÃO

"O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", que a DVDteca Folha lança no próximo domingo, é o filme francês de maior sucesso nas salas americanas em 20 anos. Não só, este longa de Jean-Pierre Jeunet foi aclamado em vários países, levando mais de 8 milhões de franceses ao cinema e outros 17 milhões no resto do mundo.
O próprio Jeunet não esperava tamanho êxito, ganhando três César (incluindo os de filme e de direção), além de cinco indicações para o Oscar. Ele, que havia rodado do cult "Delicatessen" à superprodução "Alien 4", jamais tinha visto tanta gente assistindo a um filme seu. "Eu me lembro de ter pensado, antes do lançamento, que seria genial fazer um filme a que o mundo todo assistisse. Era como um sonho, mas estava convencido de que jamais aconteceria", disse ao jornal "Libération".
O motivo do sucesso de público vem da história, uma fábula otimista na qual os problemas da vida de todos são resolvidos pela protagonista, Amélie Poulain. Ela, que teve infância sofrida, se muda para o bairro parisiense de Montmartre, onde se torna garçonete. Descobre, então, que os mais prosaicos gestos podem devolver a felicidade àquelas pessoas infelizes que moram ali.
Como uma Poliana, passa a gerenciar a vida das pessoas, ajudando-as e combatendo suas rusgas, mau humor e infelicidades. Mas ela também terá de se "auto-ajudar" quando se apaixona por Nino (Mathieu Kassovitz).
Essa visão otimista da vida cativou os espectadores, que fizeram de Amélie Poulain uma heroína, um culto. A atriz Audrey Tautou confessou à Folha, em entrevista sobre seu longa posterior, "Bem me Quer... Mal me Quer", saber que será Amélie por toda a sua vida. De fato, "O Fabuloso Destino..." mudou a vida desta atriz, que aos 23 anos se tornou um rosto reconhecível pelo público.
Pela primeira vez, Jeunet filmou por três meses nas ruas, no bairro de Les Abbesses. Críticos que já não gostavam do tom otimista da história nem da decupagem ágil e "publicitária", censuraram a estetização dessas locações, que faziam o lugar parecer um cenário. Mas a estética de conto de fadas também cativou a platéia.
E não desagradou aos moradores e comerciantes do bairro, como o próprio Jeunet explicou na mesma entrevista ao "Libération": "Se o filme fosse uma bomba, não sei se teriam continuado a me atender tão bem. O que me agradou foi perceber que o filme mudou a vida do cara do armazém da esquina, do dono do Deux-Mollins. Ele queria vender o lugar, mas acabou desistindo".