São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Com morte de músico, festival vira tributo

Clarinetista Alvin Batiste morreu horas antes de se apresentar em Nova Orleans

Em SP, público assistirá a algumas atrações do festival durante o Bourbon Street Music Club, evento que acontece em agosto


CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

Algo assim só poderia acontecer em uma cidade tão original como Nova Orleans. O clarinetista e educador Alvin Batiste, 74, morreu anteontem, vítima, aparentemente, de um ataque cardíaco, horas antes de entrar no palco do 38º Jazz & Heritage Festival para ser homenageado. A tristeza não impediu os amigos de transformar o tributo numa festiva "jam session".
"Aqui em Nova Orleans, nós celebramos os amigos que se foram", comentou minutos antes o veterano baterista Bob French, que tocou e também foi homenageado no show por dois anfitriões: o saxofonista Branford Marsalis e o pianista e cantor Harry Connick Jr.
Marsalis, que lançou há pouco por seu selo CDs de Batiste e French, foi o responsável por um dos momentos mais belos da homenagem. Tocou com emoção a balada "Eternal".
O público que lotou a tenda de jazz já estava começando a sair quando foi surpreendido.
Integrantes da banda de metais Rebirth Brass Band entraram pelo fundo da platéia, reproduzindo uma das tradições mais típicas de Nova Orleans: o funeral de jazz. Depois de homenagear Batiste com uma música fúnebre, os acompanhantes cantaram e dançaram.
O cantor John Boutté, o trombonista Big Sam Williams e os saxofonistas Donald Harrison e Tony Dagradi foram alguns dos cerca de 20 músicos que participaram da "jam". Uma homenagem emocionante, que não vai ser esquecida tão cedo por quem estava presente no evento.

Atrações em São Paulo
O público paulistano também poderá apreciar algumas das atrações do festival de Nova Orleans. De 19 a 26 de agosto, o Bourbon Street Music Club vai realizar a quinta edição de seu festival. Até agora, estão confirmados os nomes da banda Wild Magnolias e de duas cantoras: Marva Wright e Topsy Chapman, uma boa intérprete do jazz vocal dos anos 30 e 40.
O último final de semana do festival de Nova Orleans começou prejudicado pelas chuvas, que chegaram a alagar algumas áreas do hipódromo, na sexta-feira. Em condições mais favoráveis, um astro meio-jazz meio-pop, como George Benson, certamente atrairia um público bem maior.
Entre os destaques do dia, ficaram o pianista panamenho Danilo Perez e a veterana banda de rock ZZ Top. O sol e a temperatura por volta de 35 ºC retornaram no sábado e no domingo, possibilitando que o festival obtivesse seu maior público desde 2004: cerca de 375 mil pessoas, segundo a produção do evento.
A tenda de jazz se manteve lotada, no sábado, com as apresentações da sofisticada cantora local Leah Chase e de três ótimos músicos revelados nos anos 90. O trompetista Nicholas Payton mostrou seu projeto de jazz eletrificado. À frente de uma big band, o trompetista Roy Hargrove introduziu a talentosa cantora Roberta Gambarini. Já o saxofonista Donald Harrison mostrou que seu jazz moderno não deve nada ao de outros centros.
Já no domingo, muitos fãs foram ver Steely Dan, cultuada banda setentista. O tecladista Donald Fagen e o guitarrista Walter Becker provaram que seu pop com influências jazzísticas continua impecável.


O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite do New Orleans Metropolitan Convention & Visitors Bureau e do Bourbon Street Music Club

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