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Com morte de músico, festival vira tributo
Clarinetista Alvin Batiste morreu horas antes de se apresentar em Nova Orleans
Em SP, público assistirá a algumas atrações do festival durante o Bourbon Street Music Club, evento que acontece em agosto
CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
Algo assim só poderia acontecer em uma cidade tão original como Nova Orleans. O clarinetista e educador Alvin Batiste, 74, morreu anteontem, vítima, aparentemente, de um ataque cardíaco, horas antes de
entrar no palco do 38º Jazz &
Heritage Festival para ser homenageado. A tristeza não impediu os amigos de transformar o tributo numa festiva
"jam session".
"Aqui em Nova Orleans, nós
celebramos os amigos que se
foram", comentou minutos antes o veterano baterista Bob
French, que tocou e também
foi homenageado no show por
dois anfitriões: o saxofonista
Branford Marsalis e o pianista e
cantor Harry Connick Jr.
Marsalis, que lançou há pouco por seu selo CDs de Batiste e
French, foi o responsável por
um dos momentos mais belos
da homenagem. Tocou com
emoção a balada "Eternal".
O público que lotou a tenda
de jazz já estava começando a
sair quando foi surpreendido.
Integrantes da banda de metais
Rebirth Brass Band entraram
pelo fundo da platéia, reproduzindo uma das tradições mais
típicas de Nova Orleans: o funeral de jazz. Depois de homenagear Batiste com uma música
fúnebre, os acompanhantes
cantaram e dançaram.
O cantor John Boutté, o
trombonista Big Sam Williams
e os saxofonistas Donald Harrison e Tony Dagradi foram alguns dos cerca de 20 músicos
que participaram da "jam".
Uma homenagem emocionante, que não vai ser esquecida tão
cedo por quem estava presente
no evento.
Atrações em São Paulo
O público paulistano também poderá apreciar algumas
das atrações do festival de Nova
Orleans. De 19 a 26 de agosto, o
Bourbon Street Music Club vai
realizar a quinta edição de seu
festival. Até agora, estão confirmados os nomes da banda Wild
Magnolias e de duas cantoras:
Marva Wright e Topsy Chapman, uma boa intérprete do
jazz vocal dos anos 30 e 40.
O último final de semana do
festival de Nova Orleans começou prejudicado pelas chuvas,
que chegaram a alagar algumas
áreas do hipódromo, na sexta-feira. Em condições mais favoráveis, um astro meio-jazz
meio-pop, como George Benson, certamente atrairia um
público bem maior.
Entre os destaques do dia, ficaram o pianista panamenho
Danilo Perez e a veterana banda de rock ZZ Top. O sol e a
temperatura por volta de 35 ºC
retornaram no sábado e no domingo, possibilitando que o
festival obtivesse seu maior público desde 2004: cerca de 375
mil pessoas, segundo a produção do evento.
A tenda de jazz se manteve
lotada, no sábado, com as apresentações da sofisticada cantora local Leah Chase e de três
ótimos músicos revelados nos
anos 90. O trompetista Nicholas Payton mostrou seu projeto
de jazz eletrificado. À frente de
uma big band, o trompetista
Roy Hargrove introduziu a talentosa cantora Roberta Gambarini. Já o saxofonista Donald
Harrison mostrou que seu jazz
moderno não deve nada ao de
outros centros.
Já no domingo, muitos fãs foram ver Steely Dan, cultuada
banda setentista. O tecladista
Donald Fagen e o guitarrista
Walter Becker provaram que
seu pop com influências jazzísticas continua impecável.
O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite
do New Orleans Metropolitan Convention & Visitors Bureau e do Bourbon Street Music Club
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