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Banda pernambucana vira febre cantando Roberto Carlos
Del Rey, que reúne o cantor China e integrantes do grupo Mombojó, surgiu como brincadeira, conquistou o público e se apresenta até dez vezes por mês
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
Na plateia, cerca de 500 pessoas cantam "Emoções" aos
berros. Alguns casais se formam. No palco, o vocalista China grita: "Meu Deus, mas que
momento lindo!".
A cena não acontece em um
baile da terceira idade, mas no
Studio SP, a casa de shows mais
famosa do Baixo Augusta. E deve se repetir hoje, quando a
banda pernambucana Del Rey,
formada por China e integrantes do Mombojó, se apresentar
no Via Funchal, onde inicia turnê por São Paulo. Eles tocam
também no Na Mata Café, na
quarta-feira, e no Studio SP.
O público do Del Rey é formado por jovens de 20 e poucos
anos que sabem cantar todas as
músicas de cor. E com fanatismo. Criada em 2004 com o objetivo de homenagear o Rei, a
banda se tornou o maior fenômeno de casas como o Studio
SP e hype pelo Brasil afora.
"Outros artistas também lotam, mas o Del Rey é o que mais
provoca histeria. Nas listas de
desconto, tínhamos cerca de
2.000 nomes. E na casa só cabem 500 pessoas", diz Alexandre Youssef, um dos proprietários do Studio.
"Com o Del Rey consigo até
me sentir artista", brinca o vocalista China, que, com danças
que misturam rebolado de forró com mãos no cabelo estilo
Iggy Pop, virou sex symbol.
Na fila da frente dos shows,
meninas se posicionam para ficar perto dele e dão gritos histéricos. Algumas, mais afoitas,
sobem ao palco. "Em um show,
uma menina ficava tentando
me puxar pela cintura, tive de
empurrar a cabeça dela", conta,
às gargalhadas, o sujeito que
começou a ouvir Roberto na
adolescência porque "não gostava de Legião Urbana".
"Como achava Legião ruim,
sempre chorei ouvindo Roberto. Um dia falei para os meninos: "Vamos fazer uma banda
para tocar músicas dele?". Era
para ser brincadeira."
A brincadeira saiu de controle e virou negócio. Hoje, os
shows do Del Rey lotam bem
mais que os do China solo e os
do Monbojó. O grupo faz cerca
de dez apresentações por mês.
"Também em aniversários de
80 anos e em casamentos."
O show dura em torno de
duas horas e meia, e China e
seus amigos já aprenderam a
cantar cerca de 40 músicas de
Roberto e Erasmo. Os maiores
sucessos dos shows são "Detalhes", "Eu te Amo" e "Como É
Grande o Meu Amor por Você".
Segundo China, o que a banda faz é cover puro e simples.
"Tocamos as músicas como
elas são. Só não tocamos melhor porque não conseguimos."
Na plateia, as pessoas pensam
diferente. "Já vi mais de dez
shows do Del Rey", contabiliza
a designer Karina Bastos, 27.
"Eu era zoada pelos amigos por
gostar do Roberto. Quando conheci o Del Rey, me encontrei.
Eles unem a geração da minha
mãe e a minha. Tocam Roberto
com uma pegada mais rock."
"O Del Rey é maravilhoso.
Eles levam a melhor fase do Roberto para a galera de um jeito
novo. As pessoas cantam de um
jeito que dá gosto de ver", diz o
músico e DJ Tatá Aeroplano.
Ele deve estar se referindo ao
momento em que China rege o
público durante "Como É
Grande o Meu Amor por Você".
O público canta sozinho: "Nem
mesmo o céu, nem as estrelas.
Nem mesmo o mar, e o infinito". China, às vezes vestindo camiseta dos Ramones, posa de
maestro. E de novo "rei do iê-iê-iê", eleito por jovens súditos.
DEL REY - ABERTURA PARA O
SHOW DO MONOBLOCO
Quando: hoje, às 23h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel.
0/xx/11/3846-2300)
Quanto: de R$ 70 a R$ 140
Classificação: 18 anos
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