São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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Banda pernambucana vira febre cantando Roberto Carlos

Del Rey, que reúne o cantor China e integrantes do grupo Mombojó, surgiu como brincadeira, conquistou o público e se apresenta até dez vezes por mês

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Na plateia, cerca de 500 pessoas cantam "Emoções" aos berros. Alguns casais se formam. No palco, o vocalista China grita: "Meu Deus, mas que momento lindo!".
A cena não acontece em um baile da terceira idade, mas no Studio SP, a casa de shows mais famosa do Baixo Augusta. E deve se repetir hoje, quando a banda pernambucana Del Rey, formada por China e integrantes do Mombojó, se apresentar no Via Funchal, onde inicia turnê por São Paulo. Eles tocam também no Na Mata Café, na quarta-feira, e no Studio SP.
O público do Del Rey é formado por jovens de 20 e poucos anos que sabem cantar todas as músicas de cor. E com fanatismo. Criada em 2004 com o objetivo de homenagear o Rei, a banda se tornou o maior fenômeno de casas como o Studio SP e hype pelo Brasil afora.
"Outros artistas também lotam, mas o Del Rey é o que mais provoca histeria. Nas listas de desconto, tínhamos cerca de 2.000 nomes. E na casa só cabem 500 pessoas", diz Alexandre Youssef, um dos proprietários do Studio. "Com o Del Rey consigo até me sentir artista", brinca o vocalista China, que, com danças que misturam rebolado de forró com mãos no cabelo estilo Iggy Pop, virou sex symbol.
Na fila da frente dos shows, meninas se posicionam para ficar perto dele e dão gritos histéricos. Algumas, mais afoitas, sobem ao palco. "Em um show, uma menina ficava tentando me puxar pela cintura, tive de empurrar a cabeça dela", conta, às gargalhadas, o sujeito que começou a ouvir Roberto na adolescência porque "não gostava de Legião Urbana".
"Como achava Legião ruim, sempre chorei ouvindo Roberto. Um dia falei para os meninos: "Vamos fazer uma banda para tocar músicas dele?". Era para ser brincadeira."
A brincadeira saiu de controle e virou negócio. Hoje, os shows do Del Rey lotam bem mais que os do China solo e os do Monbojó. O grupo faz cerca de dez apresentações por mês.
"Também em aniversários de 80 anos e em casamentos." O show dura em torno de duas horas e meia, e China e seus amigos já aprenderam a cantar cerca de 40 músicas de Roberto e Erasmo. Os maiores sucessos dos shows são "Detalhes", "Eu te Amo" e "Como É Grande o Meu Amor por Você".
Segundo China, o que a banda faz é cover puro e simples. "Tocamos as músicas como elas são. Só não tocamos melhor porque não conseguimos." Na plateia, as pessoas pensam diferente. "Já vi mais de dez shows do Del Rey", contabiliza a designer Karina Bastos, 27.
"Eu era zoada pelos amigos por gostar do Roberto. Quando conheci o Del Rey, me encontrei. Eles unem a geração da minha mãe e a minha. Tocam Roberto com uma pegada mais rock."
"O Del Rey é maravilhoso. Eles levam a melhor fase do Roberto para a galera de um jeito novo. As pessoas cantam de um jeito que dá gosto de ver", diz o músico e DJ Tatá Aeroplano.
Ele deve estar se referindo ao momento em que China rege o público durante "Como É Grande o Meu Amor por Você".
O público canta sozinho: "Nem mesmo o céu, nem as estrelas. Nem mesmo o mar, e o infinito". China, às vezes vestindo camiseta dos Ramones, posa de maestro. E de novo "rei do iê-iê-iê", eleito por jovens súditos.


DEL REY - ABERTURA PARA O SHOW DO MONOBLOCO
Quando: hoje, às 23h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, tel.
0/xx/11/3846-2300)
Quanto: de R$ 70 a R$ 140
Classificação: 18 anos



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