CRISTIANA COUTO
especial para a Folha

A noite de abertura do evento gastronômico Boa Mesa 98, anteontem, foi palco da entrega do primeiro Prêmio Boa Mesa/Varig de Gastronomia.
Como num Oscar culinário à brasileira, os finalistas para as três categorias premiadas subiram ao palco, fizeram discurso, colocaram uniformes, comemoraram.
Carla Pernambuco, chef-proprietária do restaurante Carlota, em São Paulo, venceu na categoria de jovem chef do ano.
O restaurante Roma-Jardins, também na cidade, levou o troféu de serviços de vinho do ano e o carioca Garcia & Rodrigues, o de restaurante do ano.
Além do troféu, Carla Pernambuco irá assinar o cardápio da primeira classe dos vôos nacionais da Varig.
A chef gaúcha atribuiu o prêmio -cujo objetivo é incentivar novos talentos e esforços no desenvolvimento da gastronomia no país- à sua personalidade inquieta e à reformulação constante do cardápio de seu restaurante.
"Quero desmistificar a idéia de que cozinha de autor é cara. Trabalho 16 horas por dia para alternar pratos no cardápio e torná-lo acessível", diz Pernambuco, 38 anos e cinco de profissão.
"É a categoria mais delicada e difícil de escolher, pois envolve pessoas não inteiramente formadas", explicou Josimar Melo, organizador do evento e crítico gastronômico da Folha, durante a apresentação do "jovem chef".
A escolha dos vencedores foi feita a partir de uma combinação harmônica de vários quesitos avaliados.
Cinco jurados averiguaram o trabalho dos profissionais "in loco", após a seleção dos finalistas indicada pelo público de edições anteriores do Boa Mesa e de leitores da revista "Gula".
Entre os critérios para a decisão da carta de vinhos do ano se destacaram, por exemplo, composição da carta, serviço, sommelier e escolha dos copos.
Elaborada por Antônio José de Barros, a carta do Roma-Jardins foi considerada "didática e coerente". O restaurante já recebeu um prêmio de excelência da revista norte-americana "Wine Expectator".
Caráter nacional
Uma das grandes surpresas foi a escolha do restaurante Garcia & Rodrigues. A casa carioca, com apenas dez meses, surpreendeu pela concepção, arquitetura e infra-estrutura da cozinha.
"Foi uma premiação pelo trabalho de três anos até montá-la", comemora o proprietário João Garcia de Souza. A casa agrega no mesmo espaço café, restaurante, rotisseria, loja de vinhos e de utensílios culinários.
Essa também foi a categoria que mais representou a diversidade e o caráter nacional da premiação. Cada um dos cinco finalistas a restaurante do ano veio de um canto do país: Belém do Pará (restaurante Lá em Casa), Curitiba (restaurante Boulevard), São Paulo (Vecchio Torino) e Belo Horizonte (Xapuri), além do Rio.



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