JULIANA MONACHESI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Decidida a contribuir com o término da divisão psicológica inaugurada por Tordesilhas, a Fundação Santillana (pertencente ao Grupo Santillana, grande potência editorial da Espanha) realiza a partir do dia 21, na pequena cidade espanhola de Santillana del Mar, a exposição "Ressonâncias do Brasil", com curadoria do artista e produtor Marcello Dantas.
A cidade, um centro histórico preservado exatamente como é desde o século 15, tem 2.000 habitantes mas é muito visitada durante o verão. Localizada a 20 minutos de Santander e 30 de Bilbao, sedia até setembro, na Torre don Borja, um castelo medieval construído em 1485, o evento que ambiciona contar a história da cultura brasileira aos espanhóis.
Dividida em seis segmentos temáticos (fé, sonho, celebração, ócio, fome e liberdade), a mostra tem como fio condutor a música brasileira, "a forma mais universal da nossa cultura, a que mais conseguiu quebrar fronteiras", na opinião de Dantas. Os espectadores vão escutar muito Tom Zé, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Tom Jobim em salas de "caráter sensorial, concebidas para propiciar uma imersão", explica.
Mimetizando a identidade brasileira, as salas mesclam música, arte e artesanato, videoinstalações e fotografias. No segmento que trata do ócio, por exemplo, imagens de pessoas em não-ações preguiçosas registradas pelo franco-brasileiro Pierre Verger (1902-96) estão fixadas no teto da sala e as redes dispostas no ambiente convidam à contemplação ociosa.
Alguns destaques são a escultura "O Impossível", de Maria Martins, instalação inédita de Arthur Omar e a escultura sonora do mineiro Marco Antônio Guimarães.