Instituto Cervantes de SP tem exposição que reúne desenhistas espanhóis com obras que discutem história do país

Evento, que abrange produção infantil e underground, destaca o período da transição democrática, de 1975 a 82

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma análise da evolução dos quadrinhos espanhóis em associação direta com a história política do país é o que propõe a exposição "As Histórias em Quadrinhos da Democracia Espanhola", que abre hoje e fica em cartaz até 7 de julho, no Instituto Cervantes de São Paulo. A mostra, inédita na América Latina, faz um passeio histórico mostrando os quadrinhos como reflexo da sociedade e de seu imaginário. O período em destaque é o da transição democrática espanhola, que começa em 1975, com a morte do ditador general Francisco Franco, até a primeira vitória do partido socialista nas eleições, em 1982. As esperanças, esforços e convulsões sociais foram refletidas nas artes, incluindo as HQs, em gibis e charges. Como destaca o curador José María Conget no catálogo da exposição, foi no fim da década de 60 -ainda sob a censura ditatorial- que os espanhóis começaram a valorizar as HQs como possíveis "veículos de idéias, compromissos políticos e estéticas vanguardistas". Os 98 painéis com desenhos originais de 84 autores cobrem desde a produção mais infantil, feita sob a ditadura, como os contos de fada da personagem "Azucena" (1955), de Rosa Galcerán, e heróis como "El Capitán Trueno" (1956), de Ambrós, até representantes dos quadrinhos underground e artistas que ficariam famosos por expandir as fronteiras da nova liberdade trazida pela abertura democrática, como Álvarez Rabo, Idígoras, Luiz García, Nazario e Miguel Ángel Martín.