São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Eu, robô

Karl Walter/Getty Images
O Daft Punk durante show no festival Coachella, nos EUA


A dupla francesa Daft Punk sai da reclusão para tocar no Brasil pela primeira vez

Um dos maiores nomes da música eletrônica, o duo vai ser a principal atração do Tim Festival, que acontece em outubro em SP e no Rio


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Daft Punk vai tocar na sua casa. Ou quase. Nome maiúsculo da música eletrônica, a dupla francesa será atração do Tim Festival, no final de outubro.
A organização do evento ainda não quer confirmar a informação, mas a Folha apurou que o contrato entre as partes já foi assinado e estão acertadas as datas das apresentações: 27/10, no Rio de Janeiro, e 29/ 10, em São Paulo.
Como no ano passado, o Tim Festival deve concentrar a maioria de suas atrações no Rio, por todo o último fim de semana de outubro. A estrutura será transferida do Museu de Arte Moderna para outro local. A parte paulistana, menor, ocupará espaço no Anhembi.
Com três álbuns de estúdio e mais de 6 milhões de cópias vendidas no mundo, os franceses Guy-Manuel de Homem-Christo, 32, e Thomas Bangalter, 31, apresentam-se juntos pela primeira vez no Brasil.
Sem o Radiohead -sonho maior da Dueto, produtora do festival, que não virá ao país neste ano-, o Daft Punk vai se posicionando como a principal atração do evento.
Música à parte, o Daft Punk tem comportamento bem particular: 1) eles gostam de viver como robôs; 2) eles não gostam muito de excursionar ao vivo.
Neste 2006, além do Tim Festival, o duo deve se apresentar no francês Les Eurockéennes (30/6), no catalão Summer Festival (14/7), no madrilenho Summercase Festival (15/7), no inglês Global Gathering (28/7), no japonês SummerSonic (12/8 e 13/8) e no belga Pukkelpop (19/8). Bandas pop costumam fazer quase uma centena de shows num ano.
O pontapé foi dado no gigantesco Coachella, que tomou o deserto da Califórnia nos últimos 29 e 30 de abril, quando tocaram ao lado de Madonna, Depeche Mode, Massive Attack, Gnarls Barkley e outros.

Disco, rock...
A importância do Daft Punk para o pop pode ser em parte mensurada por meio de James Murphy, o capo do selo nova-iorquino DFA e líder da banda LCD Soundsystem. Foi quem praticamente iniciou o disco-punk -rock com estrutura melódica semelhante à dance music. Em "Losing My Edge", hino/manifesto do gênero, de 2002, ele exclamava: "Fui o primeiro a tocar Daft Punk para os garotos roqueiros". Não contente, depois deu o título "Daft Punk Is Playing at My House" para uma das melhores canções do LCD Soundsystem.
Bangalter e Homem-Christo não dão as costas ao rock. Em 2004, remixaram "Take me Out", do Franz Ferdinand. Realizaram apenas alguns ajustes, mas jogaram a música ainda mais para as pistas de dança.
Alguns "rock kids" nova-iorquinos talvez tenham conhecido Daft Punk apenas pelas mãos de James Murphy, mas os franceses estão entre os grandes responsáveis pela explosão da eletrônica nos anos 90.
O primeiro álbum, "Homework", levou o Daft Punk às rádios pop com singles como "Around the World" e "Da Funk". A saudável mistura de house, funk, disco e electro repetiu-se em "Discovery" (01).
O título do mais recente álbum, "Human After All", é uma brincadeira com o fato de a dupla sempre se apresentar publicamente como robôs, com capacetes e roupas coloridas. O som do Daft Punk, que utiliza bastante vocoder, realça a imagem cibernética do duo.

Cinema e projetos
Além dos discos, o Daft Punk emplacou nos cinemas um fillme animado, "Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem", co-produzido com o japonês Leiji Matsumoto. A trilha era toda do álbum "Discovery". Bangalter e Homem-Christo também recém-dirigiram o filme "Electroma", história de robôs que desejam se transformar em humanos.
Bangalter é dono de alguns hits, como "Music Sounds Better with You" (sob o nome Stardust, com Alan Braxe) e "So Much Love to Give" (como Together, com DJ Falcon).


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