Um dos autores mais encenados em seu país, espanhol comemora 70 anos com a primeira exposição mundial

Com espetáculos, leituras e palestras até o fim do mês, evento traz obras consagradas e inéditas do dramaturgo

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Consagrado, entre outras razões, por investigar a memória no teatro, o espanhol José Sanchis Sinisterra ganha sua primeira mostra mundial.
O evento, realizado em São Paulo até o final de junho, homenageia a memória fictícia e a real deste autor que é uma das figuras teatrais mais expressivas de seu país e completa 70 anos neste mês.
A programação da "Capobianco Mostra 70 anos Sinisterra" reúne uma parcela relevante da produção deste dramaturgo que é também diretor, professor e pesquisador -incansável na busca de novos caminhos para as artes cênicas, combinando tradição e experimentação.
Além de apresentar espetáculos e leituras de textos consagrados de sua autoria, como "Ay Carmela!", montada por Marco Antonio Braz, há obras inéditas, como o monólogo "Vacío", com o ator argentino Mario Vedoya.
Também compõem a programação palestras sobre o registro da memória, como a realizada por Lenise Pinheiro, e oficinas ministradas por Sinisterra, sua assistente Daniela De Vecchi e Christianne Jatahy, diretora brasileira que apresentou Sinisterra ao país há 20 anos -quando o autor era desconhecido por aqui- e desde então tornou-se sua grande parceira.
"Sinisterra está sempre repensando seu trabalho. Seus textos carregam a experiência e a comunicabilidade do teatro tradicional com as rupturas e a inovação do teatro experimental", diz ela.
O autor responde com modéstia: "Ainda me considero um aprendiz de teatro, mas creio ter compreendido recursos para incrementar a complexidade do texto dramático", diz o fundador do método Dramaturgia Atoral, que estabelece sistemas criativos conceituais que geram possibilidades de construção às obras e à atuação.