São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição em São Paulo reúne oito obras inéditas do norte-americano ao lado de outras oito do brasileiro

Frank Stella trava diálogo em galpão com Nuno Ramos

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

É impressionante constatar que Frank Stella, o mesmo artista que produziu, nos anos 50, algumas das mais clássicas obras do minimalismo, seja o mesmo que apresenta as oito obras em grande formato, esculturas e pinturas, no "Encontro com Arte", mostra que, a partir de hoje, é aberta ao público, após dez dias restrita apenas a convidados de uma marca de cigarros.
"São 50 anos, foi um longo processo passo a passo de transformação", afirma o norte-americano Stella, que se apresenta junto ao brasileiro Nuno Ramos, também com oito obras em grandes dimensões.
A visão no imenso galpão que reúne os trabalhos é grandiosa, não só pelo tamanho das obras, mas porque as aproximações entre os dois artistas, propostas pela curadora Vanda Klabin, são claras. "Conheço Nuno desde 1988, nossa obra tem um diálogo quase óbvio, especialmente com as esculturas de areia dele, pois elas têm uma forte presença de ocupação do espaço, da mesma intensidade das minhas", diz Stella.
O que torna ainda mais rico tal diálogo é a diversidade de materiais usados, tornando duas individuais uma coletiva. E, o melhor, todos os trabalhos de Stella são inéditos, vieram diretamente do seu ateliê, em Nova York, o que dá maior frescor às obras apresentadas.
Apesar do forte contraste com seus trabalhos na década de 50, o americano, um dos mais prestigiados artistas contemporâneos, não vê apenas diferenças nos períodos de suas obras: "Há um senso de mudança, é verdade. Mas, por outro lado, creio que temos uma impressão genética, não acho que a maneira como coloco as coisas na pintura hoje são muito diferentes do que fazia antes, podem-se ver ecos do que fiz no passado nessas obras".
E o que move as mudanças no trabalho de Stella? "É preciso ver coisas, passar por experiências, observar as obras e transformações em outros artistas. Tudo isso exerce influência em mim e me faz pensar o que gostaria de fazer", conta o norte-americano.
Pintor por excelência, Stella não gosta de entrar na velha e manjada discussão da morte da pintura: "Não me preocupo com isso, porque fazer arte não é fácil. Não acredito que o tipo de arte que se faça seja a questão. Poderíamos dizer que, entre os séculos 9 e 13, a pintura estava morta, mas havia grande arquitetura. A arte é uma forma individual de expressão, e a qualidade dessa expressão, ou seja, quanto ela satisfaz a quem a realiza e quanto ela satisfaz o público, é o que conta".
Criador da famosa frase "o que você vê é o que você vê", contra o excesso de interpretação na obra de arte, os trabalhos de Frank Stella na mostra em São Paulo comprovam que o contato físico, ao menos em seu caso, é mais do que necessário.


ENCONTRO COM ARTE, AFINIDADES E DIVERSIDADES. Mostra com obras em grandes dimensões dos artistas Frank Stella e Nuno Ramos. Curadoria: Vanda Klabin. Quando: das 11h às 20h; até 17 de julho. Onde: av. Roque Petroni Jr., 630, Brooklin, SP, tel. 0/xx/11/5041-3162. Quanto: R$ 5 (sáb. e dom., entrada franca).


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