São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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ERIKA PALOMINO

10 TENDÊNCIAS da SPFW

1 - ANOS 70
A tendência se confirma como a mais forte da estação, sugerindo desde a estamparia e a atitude mais livre, passando pela lisergia das cores. Quem fez: Herchcovitch, Raia de Goeye, Cia. Marítima, Triton, André Lima, British Colony, Fabia Bercsek e Carlos Tufvesson.

2 - ÉTNICO
Sem precisar definir um país, o perfume de outras culturas contagia estampas e formas (cáftans e novas batas), incluindo também o elemento folk. As saarianas (terninhos de safári) entram aqui. Quem fez: Cori, Fause Haten, Sommer, Água de Coco, Cia. Marítima e Lino Villaventura.

3 - ESTAMPARIA
Vale-tudo. Grafismos em preto e branco, muitas e muitas flores, psicodelia; os étnicos em si; motivos de efeito big bang (tudo junto); pinceladas e listras, envolvendo todo tipo de patchwork. Quem fez: Neon, Herchcovitch, Isabela Capeto, Sommer, André Lima, Villaventura, V.Rom, British Colony, Zapping, Cavalera, Triton e Carlos Tufvesson.

4 - ROMANTISMO
A megatendência continua. As armas são babados, laços, saias rodadas (em formato evasê), cores lavadas, tipo de sabonete. Quem fez: Giselle Nasser, Iódice, Gloria Coelho, Pedro Lourenço, Ronaldo Fraga, Osklen, Zapping, Fause Haten, Huis Clos, Lino Villaventura e Caio Gobbi.

5 - AS CORES
Ainda que o preto esboce uma volta (Ellus, Forum, Samuel Cirnansck), o mercado ainda pede muitas cores e se joga também no branco (Reinaldo Lourenço, Patachou). Azuis e verdes (Fause Haten, Ronaldo Fraga, Zoomp, Fabia Bercsek) ganham força, bem como o amarelo (Huis Clos, Lorenzo Merlino) e o lilás (Reinaldo Lourenço, Raia de Goeye, Samuel Cirnansck). A moda permite tons lavados (Iódice, Huis Clos, Carlos Tufvesson) e mais fortes (Forum).

6 - NEUTROS
Vindos da natureza, os neutros compõem bem a cartela. São eles o off-white, os beges clarinhos e sujos, os marrons, o ocre, a cor de terra, o bronze e o novo dourado (fosco). Quem fez: Rosa Chá, Iódice, Isabela Capeto; Ronaldo Fraga, Huis Clos, Cavalera, Forum, Osklen e Patachou.

7 - ATENÇÃO À SILHUETA
Ela deve ser necessariamente mais solta para as mulheres e mais sequinha para os homens. Fazem parte dessa onda as regatonas (hype total), os vestidos longos, as saias abaixo do joelho, bem como os paletós e calças mais justas. Quem fez: Isabela Capeto, Raia de Goeye, Fabia Bercsek, Huis Clos, Lino Villaventura, Osklen, Ellus, British Colony, V.Rom, Ricardo Almeida e Mário Queiroz.

8 - FOCO NA CINTURA
A cintura pode ser mais alta, tipo império (abaixo do busto) ou no lugar, marcada por cintos e laços. Triton, Herchcovitch, Gisele Nasser, Neon, Pedro Lourenço e Osklen.
9 - SIMPLICIDADE
O verão é descomplicado, fácil. Aqui entra também o aspecto modernista da simplicidade, que fala de tecnologia têxtil e, aos poucos, de minimalismo. Quem fez: Forum, Lorenzo Merlino, UMA e Huis Clos.

10 - BRASIL LEGAL
Evolução do neotropicalismo do último verão. Estampas tropicais, manufatura (bordados, rendas, crochê) e materiais naturais reinam. Nas referências, o olhar inclui a cultura popular, o Nordeste e o sertão. Quem fez: Cavalera, Rosa Chá, Água de Coco, Ronaldo Fraga e Patachou.

ENFIM: PAIXÃO PELA MODA ESTÁ DE VOLTA

Fashionista é assim: mal acabam os desfiles, a gente já pensa em fotografar e vestir as roupas da outra estação. É que a São Paulo Fashion Week, que terminou na última segunda-feira, trouxe de volta a paixão pela moda, pela imagem, pelo espetáculo -que é o desfile. Moda é emoção. Afinal, é com isso que conta o mercado: emocionar e seduzir para vender -e faturar.

 

O desfile que ficou no meu coração nesta temporada foi o da V.Rom, que levou a gente até o estádio do Pacaembu numa linda manhã de sábado, sol a pino, integração total com a cidade. Foi perfeito.
A Neon foi pura delícia fashion, e eles mostraram produto e criatividade, entre as melhores estampas da semana. A Iódice foi outra boa surpresa, resolvendo muitos de seus probleminhas, encantando o público com um desfile singelo e doce. Doçura e folk 70 fizeram mais um Alexandre Herchcovitch otimista e lúdico.
André Lima foi corajoso, equilibrando-se no limite do kitsch, nessa linguagem que não é para qualquer um. Fiquei feliz também com a retomada de Gisele Nasser, agora sim fazendo o que sabe: romantismo adulto. Ricardo Almeida abriu com o pé direito o evento, trazendo celebridades de um jeito cool.
A ingenuidade maior dos primeiros tempos do calendário apareceu nas costureiras de Ronaldo Fraga (lindo, lindo). Foi o ano em que a simplicidade ganhou do drama, e o excesso de "direção" atrapalhou algumas boas coleções, como as de Sommer e Cavalera feminino (tão lindas as ceguinhas, nem precisava tê-las transformado em cenário...). Sobre a segunda, foi boa a idéia de descolar o masculino (mesmo com edição confusa), foi um bom começo.
Pedro Lourenço acerta o passo e já começa a escrever com as próprias mãos. Reinaldo Lourenço, seu pai, voltou-se para o lado branco do rock, nos melhores looks de seu desfile.
Outros favoritos são meus conterrâneos cariocas, Maxime Perelmuter, com seus rock-star mutantes do surfe, e Isabela Capeto, com meninas num doce balanço. Convidados especiais do último dia: a dupla Basso & Brooke, formada por um brasileiro e um inglês, trouxe uma onda de bom humor e serotonina fashion. Voltem sempre!

BIQUÍNIS PARA O PLANETA COPIAR
É bom o Planeta Fashion ficar bem ligado na moda praia desta temporada de verão 2006. Ela está entre as mais influentes de todos os tempos. Cada peça conta uma história, principalmente nos desfiles das megamarcas do segmento, Rosa Chá e Cia. Marítima.
Como foi sugerido no Rio, as formas não são mais tão nuas, os bumbuns mais cobertos. Tangas continuam, claro, ao lado de sungas mais largas.
A Rosa Chá foi mais adiante, não apenas por acionar a inspiração no sertão, colocando na passarela rendas e bordados típicos do Nordeste mas também em termos de design, com muito de anos 70. Aproveite dentro dessa tendência a nova mania: bustiês e os enrolados.
Na mesma década, a Cia. Marítima veio psicodélica, sugerindo um curioso fio (tão fino quanto o de um tapa-sexo ou fio dental) sob a calcinha normal. Vai pegar. Ainda que o desfile não tenha sido brilhante, teve como mérito destacar (ou mostrar) o corpão cinco quilos mais enxuto da modelo Daniela Sarahyba (ela credita à medicina ortomolecular), desde já candidata a musa da estação.

Colaborou Sergio Amaral

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