|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CDS
ROCK
Grupo do produtor James Murphy lança disco com novas e velhas canções
LCD Soundsystem esbarra no punk, na dance e no funk
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Música feita por nerds, art-rock, "dance music inteligente". Os rótulos associados ao
nome LCD Soundsystem podem
dar a impressão de música pretensiosa, umbiguista. Este primeiro álbum do grupo beira esse perigo, mas após uma audição, o
que resta é um disco muito bom.
LCD Soundsystem é o projeto
de um homem só e, ao mesmo
tempo, um quinteto.
É o projeto de James Murphy,
uma das metades do selo/produtora nova-iorquina DFA Records.
No estúdio, Murphy toca todos os
instrumentos, é o cérebro da banda. Ao vivo, o grupo transforma-se num quinteto, com Pat Mahoney (bateria), Nancy Whang (teclados), Tyler Pope (baixo, este
também das bandas !!! e Outhud)
e Phil Mossman (guitarra).
Quem interessa é Murphy. Com
a DFA, ele se tornou um dos caras
mais quentes da música pop. Produziu o reverenciado disco do
Rapture, Radio 4, fez remixes definitivos para Jon Spencer Blues
Explosion, Nine Inch Nails, Metro
Area, Le Tigre... a lista vai e vai.
Diz a lenda que Janet Jackson e
Britney Spears quase imploraram
por uma ajuda da DFA. Levaram
um não. Como produtores, hoje,
apenas os Neptunes, Timbaland e
Kanye West se posicionam à altura de Murphy e Tim Goldsworthy,
seu parceiro na DFA.
Isso tudo não vem de graça. É a
DFA a principal responsável pelo
revival pós-punk que toma conta
do rock há pelo menos três anos.
Foram eles que transportaram o
Gang of Four para o século 21,
moldando o som de Rapture e Radio 4 e influenciando Bloc Party,
Franz Ferdinand, Interpol...
É, como alguém já disse, "dance
music para pular" ou "rock para
dançar". Murphy, antes da DFA e
do LCD Soundsystem, tocou em
duas bandas punks: Pony (1992-94) e Speedking (1995-97). Conhece os dois lados.
"Losing My Edge", o primeiro
lançamento do LCD, em 2002,
praticamente definiu o que viria
depois dali. É um enorme manifesto comportamental anticool
em que, sobre uma batida electro,
Murphy fala, basicamente, sobre
garotos nerds que manjam tudo
de softwares e têm muito mais talento do que a maioria dos tradicionais e ultrapassados músicos.
A canção foi dissecada por DJs
nas pistas do mundo. Depois, vieram "Beat Connection" e "Yeah".
Esses primeiros singles do grupo
estão no disco 2 deste CD duplo.
O álbum propriamente está no
disco 1, com as novas produções.
A primeira faixa, "Daft Punk Is
Playing at My House", carrega todo os genes da DFA: baixo lá no
alto, bateria sincopada, voz quase
falada. Nessa linha estão "Tribulations" -uma quase Duran Duran, bem dançante-, "On Repeat" e "Disco Infiltrator" -talvez a melhor e mais disco punk do
álbum, com vários efeitos, esbarra
num clima hip hop oitentista.
Não é um disco apenas dance.
Fã de The Fall e Velvet Underground, Murphy traz a crueza do
primeiro em "Movement", com
uma bateria hipnótica; o segundo
é visível em "Never as Tired as
When I'm Waking Up". Em
"Great Release", que fecha o disco, Murphy faz uma etérea homenagem a Brian Eno.
LCD Soundsystem
Artista: LCD Soundsystem
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 35, em média
Texto Anterior: Nas lojas Próximo Texto: Rock: Raveonettes viaja à América dos sonhos Índice
|