São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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MÚSICA

Crítica/"Wait for Me"

Moby busca a fórmula que o fez mundialmente famoso

Em novo álbum, produtor americano repete técnicas usadas no sucesso "Play'

Divulgação
O americano Moby, que procura retornar à fase mais bem-sucedida com o novo "Wait for me"

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Não são necessários mais do que alguns segundos da primeira faixa de "Wait for Me" para nos darmos conta: Moby está retornando a territórios bastante conhecidos. Os territórios bastante conhecidos são os discos "Play" e "18". O primeiro, lançado em 1999, vendeu quase 10 milhões de cópias. O segundo seguiu pelo mesmo caminho. Com "Hotel" e "Last Night", os mais recentes discos, Moby foi ao encontro de uma eletrônica mais tradicionalista. Este "Wait for Me" abre com "Division". E vemos que o produtor americano retorna ao final dos anos 1990: texturas que remetem à música negra dos EUA, melodia aconchegante. Em menos de dois minutos, essa faixa instrumental abre espaço para "Pale Horses". E aí ficam escancaradas as referências a "Play" e "18": estão presentes a atmosfera dark, as batidas lentas, o vocal feminino. A soul music encontra o trip hop. Uma das sacadas de Moby ao produzir "Play" foi acomodar em suas faixas belos vocais femininos. Mas isso foi em 1999. Dez anos depois, esses vocais soam empoeirados. Esse é o problema de "Wait for Me". Porque músicas instrumentais, como "Shot in the Back of the Head" são cativantes, climáticas na medida certa -o vídeo de "Shot in the..." foi dirigido por David Lynch. Já com a vida feita, milionário, conhecido no mundo inteiro, Moby tentou arriscar um pouco. As vendagens e o sucesso foram se esvaindo. Talvez tenha sentido saudade dos tempos em que fechava grandes festivais pop e era tocado nas rádios constantemente. Moby já anunciou que, na extensa turnê de promoção do disco, ele será acompanhado por uma banda e por diversas vocalistas de apoio. A maioria das faixas de "Wait for Me" traz estrutura facilmente digerível, longe de experimentações eletrônicas. Assim, "Mistake" traz uma guitarra nada agressiva; "JLTF" é uma balada triste (e longa demais); a faixa-título é melancólica, mas agradável; "Hope Is Gone" é sub-Massive Attack. É nas faixas sem vocal que Moby tenta avançar, como em "Scream Pilots", "Ghost Return" e "Isolate", um bom trip hop que fecha o disco. O curioso é que, em toda a sua busca por referências do passado, Moby faz, em "Wait for Me", um disco mais moderno e bem-sucedido do que seus dois álbuns anteriores. Talvez Moby tenha se dado conta que seu nicho é o pop, a soul music, e não a eletrônica pura.


WAIT FOR ME

Artista: Moby
Gravadora: EMI
Quanto: preço a definir (nas lojas a partir do próximo dia 19)
Avaliação: regular




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