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MÚSICA
Diogo Nogueira joga no samba
Em seu segundo CD, "Tô Fazendo a Minha Parte", músico grava canção de Ivan Lins e Chico Buarque
Novo trabalho do filho de João Nogueira tem ainda composições próprias e de Arlindo Cruz; ele faz show em SP em 24 e 25 de julho
AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO
São Jorge, no pingente do
sambista Diogo Nogueira, 28, é
cravejado de diamantes e fica
preso a um grosso colar de ouro. Nossa Senhora Aparecida
enfeita um dos dois anéis da
mão direita, e há uma grossa
pulseira e um enorme relógio.
As joias do sambista, que lança "Tô Fazendo a Minha Parte",
pela EMI, não são os únicos
itens que fazem lembrar seu
passado de jogador de futebol:
Diogo tem frases curtas e objetivas, no estilo pós-partida, que,
não raro, terminam num "e tudo o mais".
"Eu sempre quis ser jogador
de futebol, desde pequeno.
Curtia ficar naquelas rodas de
samba e tudo o mais. Mas o
meu desejo mesmo era ser jogador de futebol", diz o cantor,
filho do sambista João Nogueira (1941-2000), presente em
uma das dez tatuagens pelo
corpo de Diogo.
"Ao contrário do que dizem",
afirma Diogo, "o desejo dele era
que eu fosse jogador de futebol". Aos domingos, pai e filho
costumavam ir ao Maracanã,
para ver o Flamengo jogar. "Ele
vivia sonhando com aquelas cores, com me ver jogando no gramado", diz.
Ele tentou. Foi do Barra Futebol Clube aos 10 anos até o
Cruzeiro de Porto Alegre aos
23, mas, pouco antes de assinar
o contrato, sofreu uma lesão no
joelho e voltou para o samba.
Era "velho demais" para esperar a recuperação da cirurgia e
retomar os jogos.
De volta ao Rio, onde nasceu
e cresceu, no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), "começou a dificuldade de grana, essas coisas". "Eu não sabia o que
fazer, se estudava, se cantava,
se operava o joelho", conta.
Ele passou a dar canja em bares da Lapa, no centro, "pra tirar uma onda, conquistar uma
gatinha e tudo o mais".
A indústria da música foi
mais gentil que a do futebol e,
três anos após o início das "canjas", Diogo, então com 26 anos,
gravou o primeiro CD.
Agora lançou o segundo e já
começou a fazer shows. Se
apresentou no Canecão, no Rio,
e tem apresentações marcadas
para os dias 24 e 25 de julho, no
Citibank Hall, em São Paulo.
O músico conseguiu parcerias de mestres como Arlindo
Cruz e Wilson das Neves, que o
viram crescer, para "Tô Fazendo a Minha Parte". O disco também tem encontros dele, como
compositor, com músicos jovens, como Ciraninho e Flavinho Silva, entre outros.
Há ainda a regravação de
"Malandro É Malandro, Mané
É Mané", de Bezerra da Silva,
que a autora de "Caminho das
Índias", Glória Perez, pediu a
Diogo para a trilha da novela.
O músico, aliás, já teve outras
duas regravações em novelas
da Globo: "Tiro ao Álvaro" e
"Maracangalha".
O novo álbum traz ainda uma
polêmica: a canção "Sou Eu", de
Chico Buarque e Ivan Lins, que
havia sido cedida primeiro à
cantora Simone por Lins e, depois, por Chico a Diogo. "Ele
me conhece desde pequeno",
diz o sambista.
É com Chico, inclusive, que
Diogo joga as peladas que restaram depois da lesão e da decisão de ser músico. Três vezes
por semana, só resolve "questões musicais" a partir das 15h.
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