São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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MÚSICA

Diogo Nogueira joga no samba

Em seu segundo CD, "Tô Fazendo a Minha Parte", músico grava canção de Ivan Lins e Chico Buarque Novo trabalho do filho de João Nogueira tem ainda composições próprias e de Arlindo Cruz; ele faz show em SP em 24 e 25 de julho

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

São Jorge, no pingente do sambista Diogo Nogueira, 28, é cravejado de diamantes e fica preso a um grosso colar de ouro. Nossa Senhora Aparecida enfeita um dos dois anéis da mão direita, e há uma grossa pulseira e um enorme relógio.
As joias do sambista, que lança "Tô Fazendo a Minha Parte", pela EMI, não são os únicos itens que fazem lembrar seu passado de jogador de futebol: Diogo tem frases curtas e objetivas, no estilo pós-partida, que, não raro, terminam num "e tudo o mais".
"Eu sempre quis ser jogador de futebol, desde pequeno. Curtia ficar naquelas rodas de samba e tudo o mais. Mas o meu desejo mesmo era ser jogador de futebol", diz o cantor, filho do sambista João Nogueira (1941-2000), presente em uma das dez tatuagens pelo corpo de Diogo.
"Ao contrário do que dizem", afirma Diogo, "o desejo dele era que eu fosse jogador de futebol". Aos domingos, pai e filho costumavam ir ao Maracanã, para ver o Flamengo jogar. "Ele vivia sonhando com aquelas cores, com me ver jogando no gramado", diz.
Ele tentou. Foi do Barra Futebol Clube aos 10 anos até o Cruzeiro de Porto Alegre aos 23, mas, pouco antes de assinar o contrato, sofreu uma lesão no joelho e voltou para o samba. Era "velho demais" para esperar a recuperação da cirurgia e retomar os jogos.
De volta ao Rio, onde nasceu e cresceu, no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), "começou a dificuldade de grana, essas coisas". "Eu não sabia o que fazer, se estudava, se cantava, se operava o joelho", conta.
Ele passou a dar canja em bares da Lapa, no centro, "pra tirar uma onda, conquistar uma gatinha e tudo o mais".
A indústria da música foi mais gentil que a do futebol e, três anos após o início das "canjas", Diogo, então com 26 anos, gravou o primeiro CD.
Agora lançou o segundo e já começou a fazer shows. Se apresentou no Canecão, no Rio, e tem apresentações marcadas para os dias 24 e 25 de julho, no Citibank Hall, em São Paulo.
O músico conseguiu parcerias de mestres como Arlindo Cruz e Wilson das Neves, que o viram crescer, para "Tô Fazendo a Minha Parte". O disco também tem encontros dele, como compositor, com músicos jovens, como Ciraninho e Flavinho Silva, entre outros.
Há ainda a regravação de "Malandro É Malandro, Mané É Mané", de Bezerra da Silva, que a autora de "Caminho das Índias", Glória Perez, pediu a Diogo para a trilha da novela.
O músico, aliás, já teve outras duas regravações em novelas da Globo: "Tiro ao Álvaro" e "Maracangalha".
O novo álbum traz ainda uma polêmica: a canção "Sou Eu", de Chico Buarque e Ivan Lins, que havia sido cedida primeiro à cantora Simone por Lins e, depois, por Chico a Diogo. "Ele me conhece desde pequeno", diz o sambista.
É com Chico, inclusive, que Diogo joga as peladas que restaram depois da lesão e da decisão de ser músico. Três vezes por semana, só resolve "questões musicais" a partir das 15h.



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