São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011 |
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CRÍTICA CINEBIOGRAFIA Boêmia pop de Gainsbourg revive na tela Reconstituição fiel dos personagens reais e bom uso de animação criam um retrato charmoso do ícone francês THALES DE MENEZES DE SÃO PAULO Cantor, ator, diretor, feio, charmoso, mulherengo, boêmio, iconoclasta e imoral. A biografia de alguém com tantos e justificados adjetivos tinha de virar um filme. E o ícone francês Serge Gainsbourg (1928-1991) ganhou um longa imperdível, impecável. Dirigido por Joann Sfar, grande nome da ilustração e da animação francesas, o filme merecia ser lançado com a tradução literal do título original, "Gainsbourg (Vida Heroica)", porque ele foi um verdadeiro herói romântico. O longa começa com o menino Serge na praia, fumando. O cigarro vai acompanhá-lo a vida toda, assim como um tipo de "amigo imaginário" que é o próprio Gainsbourg, já adulto, feito em computação gráfica. Da infância até a morte por ataque cardíaco, os altos e baixos da trajetória de Gainsbourg ganham autenticidade com um roteiro divertido e uma impecável caracterização das pessoas que passaram por sua vida, notadamente suas mulheres. Ainda um jovem compositor, ele é assediado por Juliette Gréco, a maior cantora francesa na década de 1950. Raro momento no filme em que Gainsbourg se mostra intimidado por uma mulher. Ela é interpretada por Anna Mouglalis, conhecida no Brasil pelo papel principal em "Coco Chanel e Igor Stravinsky". Como as outras atrizes do elenco, está bem parecida com a personagem real. Laetitia Casta, modelo desde a adolescência e atriz da série de filmes "Asterix", encara o desafio de interpretar Brigitte Bardot. Ela e Gainsbourg têm um caso e passam dias trancados num apartamento. Numa cena engraçada, ela visita os pais dele. Mas a maior companheira de Gainsbourg foi a inglesa Jane Birkin, que despontou no filme "Blow-Up" (1966), de Michelangelo Antonioni. Os dois foram casados de 1969 a 1980. Foi com ela que Gainsbourg gravou a polêmica "Je T'Aime... Moi Non Plus", mais gemidos do que canção. Jane estrelou o não menos polêmico filme homônimo, dirigida pelo marido. Na cinebiografia, ela vai do céu ao inferno, desde a romântica noite em que Gainsbourg a seduz até o fim do casamento, entre brigas e a decadência física dele devida a drogas, álcool e cigarros. Quem a interpreta é a também inglesa -e também bela- Lucy Gordon. Enquanto Joann Sfar terminava a edição final do longa, ela se enforcou em seu apartamento em Paris, aos 29 anos. Mas as atrizes cuidadosamente escolhidas não bastariam para que "Gainsbourg: O Homem que Amava as Mulheres" funcionasse. É o sensacional Eric Elmosnino que dá a liga no papel-título. Talvez jamais se livre do estigma do personagem, numa magistral composição que expõe charme e fragilidade. Um grande ator em um grande filme sobre um personagem maior ainda. GAINSBOURG: O HOMEM QUE AMAVA AS MULHERES PRODUÇÃO França, 2010 DIREÇÃO Joann Sfar COM Eric Elmosnino, Lucy Gordon e Laetitia Casta ONDE estreia hoje nos cines Bristol, Reserva Cultural e circuito CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Cinema - Crítica/Documentário: Filme resgata a ainda obscura arte de Itamar Assumpção Próximo Texto: YouTube lança canal exclusivo de cinema produzido no Brasil Índice | Comunicar Erros |
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