São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Com humor macabro, "Nip/Tuck" usa cenas ousadas de operações

Série ri de cirurgia plástica

ALESSANDRA STANLEY
DO "NEW YORK TIMES"

A única pergunta que os telespectadores devem fazer sobre a série "Nip/Tuck", drama na linha "Miami Vice" sobre dois inescrupulosos cirurgiões plásticos da Florida (EUA), é "por quê?".
Por que a Fox é a única rede a tocar na obsessão americana pelas cirurgias plásticas? A ABC tomou o caminho mais fácil com o "reality show" "Extreme Makeover" (exibido no Brasil pela Sony); no entanto, a busca pela juventude eterna é ignorada ou subestimada pela televisão.
Até surgir "Nip/Tuck". Suas cenas de cirurgias são tão ousadas quanto as de sexo, e muito mais repugnantes que qualquer coisa em "E.R.". No primeiro episódio, um implante nas nádegas, um aumento de seios e uma reconstrução facial são retratados sem pudores. A série é atípica, mas assim como em "The Shield" -sobre policiais corruptos-, temos jovens e talentosos cirurgiões que não salvam e nem melhoram vidas. "Nip/Tuck" é um drama sem pretensões intelectuais, repleta de humor negro.
A maioria dos pacientes são mulheres belas, neuroticamente inseguras, que precisam de um hobby, e não de operações. Nem é preciso dizer que os dois deploráveis cirurgiões são atraentes.
O criador da série, Ryan Murphy, teve a idéia enquanto fazia reportagem sobre cirurgiões plásticos, merece crédito extra porque conseguiu romantizar a área até satirizá-la. "Nip/ Tuck" pega um cenário tão inexplorado quanto os coveiros de "Six Feet Under" ("A Sete Palmos"), mas com menos formalidades.
No primeiro episódio, Sean (Dylan Walsh), o médico mais convencional, suspeita que seu cliente latino-americano, que procura um novo rosto, tem uma imagem distorcida de si mesmo. Ele deixa o cliente para seu parceiro, o amoral Christian (Julian McMahon), que logo conclui que se trata de um traficante que precisa de nova identidade.
Sexo e violência, é claro, estão na mistura. Não demora muito para um vingativo traficante achar usos mais criativos para o botox, por exemplo.
Os telespectadores não precisam se preocupar que "Nip/ Tuck" possa legitimar as cirurgias plásticas -a série tem um aviso de precaução. A produção faz essas operações parecerem glamourosas, mas também miseráveis e mesquinhas. E não há dúvidas de que o trabalho dos personagens é tolo ao máximo e revoltante na maior parte do tempo.


NIP/TUCK. Quando: estréia dia 17, às 22h, no canal Fox.


Texto Anterior: Comportamento: Novos garçons servem comida e atitude
Próximo Texto: Novelas da semana
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.