São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vanessa vê TV

Vanessa Barbara vanessa.barbara@uol.com.br

Muito além da verossimilhança

À exceção dos médicos, ninguém se importa com a questão da verossimilhança na série "House" (Record, qui., 0h15; Universal Channel, qui., 22h). Nela, o protagonista age como um detetive elucidando diagnósticos complexos em seu hospital.
A despeito da respeitável média de casos solucionados, o dr. Gregory House não é o melhor dos médicos para se consultar.
Primeiro, porque o sujeito é internado com uma leve coriza e sai de lá com a doença de Creutzfeldt-Jakob, num prognóstico otimista de 45 minutos de vida. Além do mais, não há moléstia neste planeta que lá não se cure com uma boa punção lombar, farta exposição à radioatividade ou um amputação randômica.
Isso quando não se desmaia de repente e, no hospital, acabam te induzindo ao coma e a uma biópsia cerebral, para então revelarem a sua condição de hermafrodita.
O momento mais marcante da série, porém, não envolve a inoculação proposital de malária num paciente, mas a internação do próprio dr. House num hospital psiquiátrico logo no início desta temporada.
O episódio duplo já começa desolador, exibindo imagens desfocadas da desintoxicação de House. Em seguida, ele sai raivoso do confinamento, alimentando a claustrofobia e a paranoia dos colegas só para ganhar uma partida de basquete.
A uma moça deprimida, pergunta se ela cortou os pulsos e, ao ser repreendido, diz: "Desculpe, o suicídio é assunto proibido? Droga, acabo de entrar e já quebrei uma regra. Acho que vou me matar".
Com o tempo, porém, ele desenvolve uma afeição curiosa pelo colega de quarto, Alvie, um ruidoso rapper bipolar, o que culmina com sua participação num show de talentos.
Quando Alvie sobe ao palco e esquece o que rima com senil, o dr. House grita da plateia: "Meu colega de quarto é um imbecil".
No ritmo, Alvie pergunta a House o que fazer para melhorar. A resposta é certeira: participar de um show de talentos.
De um modo muito mais verossímil do que se poderia esperar, a redenção ali surge em pequenos momentos. Um deles é quando a gordinha tímida dança a "Macarena". O outro é quando Alvie olha pela janela e vê House partindo com sua camiseta de carinha feliz.


Texto Anterior: Folha.com
Próximo Texto: Livro destaca Espanha, terceiro maior produtor mundial de vinho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.