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Miúcha canta com Tom, João e Vinicius em CD
Artista foi a única na MPB a gravar com os três nomes
e participou da escolha do repertório da nova coletânea
"Fazer esse disco foi como arrumar um álbum de retratos antigos", conta Miúcha, que escreveu um texto para cada gravação
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Se a vida de Miúcha fosse
adaptada para o cinema, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e
João Gilberto seriam personagens fundamentais. Ela é a única cantora da MPB que teve o
privilégio de gravar com os três.
"Miúcha com Vinicius, Tom,
João", coletânea lançada dentro da série Bossa 50 Anos da
Sony&BMG, "conta a história
dessa convivência", diz ela.
"Fazer esse disco foi como
arrumar um álbum de retratos
antigos, só que é outra coisa,
porque a memória afetiva da
música mexe com você de outro jeito. Aí você começa a se
lembrar das histórias e acaba
virando um filme."
Diferentemente das coletâneas caça-níqueis que inundam
o mercado, "Miúcha com Vinicius, Tom, João" é um projeto
concebido pelo produtor Gil
Lopes com participação da cantora na escolha do repertório.
Traz encarte caprichado, com
textos escritos da própria Miúcha em que são narradas as histórias por trás das gravações.
Freqüentador dos saraus que
aconteciam na casa do historiador Sérgio Buarque de Holanda, Vinicius foi o mentor de
Miúcha em seus primeiros passos na carreira. "O Vinicius foi
fundamental para eu conhecer
a música brasileira e ter idéia
do que era uma composição.
Foi ele quem me ensinou, com
a maior paciência, alguns acordes de violão."
Além das lições de violão, foi
ao lado de Vinicius que Miúcha
cantou em público pela primeira vez, em um piano-bar em
Roma, ainda nos anos 1960.
Mas o primeiro grande encontro musical com o poeta aconteceu apenas em 1977, no palco
do Canecão, em um show que
ficou em cartaz por oito meses
e do qual participaram também
Toquinho e Tom Jobim.
São desse espetáculo a faixa
"Minha Namorada" e o pot-pourri "Chega de Saudade"/"Se
Todos Fossem Iguais a Você"/
"Estamos Aí".
João -com quem Miúcha
era casada na época- está em
dois duetos tirados do disco
"The Best of Two Worlds"
(1976). "Isaura" ganha versos
em inglês na interpretação de
Miúcha, em contraponto ao
canto (em português) e ao violão de João. Em "Águas de Março" o mesmo artifício é utilizado. Ambas as faixas trazem o
saxofonista Stan Getz.
Se João e Vinicius foram importantes no início de sua carreira, foi com Tom Jobim que
Miúcha desenvolveu sua relação musical mais intensa.
A prova disso é que, das 11 faixas da coletânea, sete foram escolhidas a partir do repertório
dos dois discos que eles gravaram juntos.
"Eu pedi uma música para o
Tom e a gente começou a fazer
o disco junto", diz a cantora, referindo-se a "Miúcha e Antonio
Carlos Jobim" (1977). Eles gravaram "Triste Alegria", uma rara composição assinada por
Miúcha. Improvisando versos
em torno do refrão original,
criaram uma nova versão de
"Vai Levando", de Chico Buarque e Caetano Veloso. Chico
gostou tanto que acabou participando da gravação.
"O Tom era a grande estrela
de uma mesa de bar. A gente
passava a semana inteira enchendo a cara, depois saía e ia
para a casa dele ou para a minha casa ensaiar. Teve muita
música que não entrou no primeiro disco e que acabou entrando no segundo [de 1979]."
São desse período "Falando
de Amor", de Tom, e "Pela Luz
dos Olhos Teus", composta por
Vinicius em ritmo de samba.
MIÚCHA COM VINICIUS, TOM, JOÃO
Artista: Miúcha
Gravadora: Sony&BMG
Quanto: (R$ 25, em média)
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