São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

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Miúcha canta com Tom, João e Vinicius em CD

Artista foi a única na MPB a gravar com os três nomes e participou da escolha do repertório da nova coletânea

"Fazer esse disco foi como arrumar um álbum de retratos antigos", conta Miúcha, que escreveu um texto para cada gravação

CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Se a vida de Miúcha fosse adaptada para o cinema, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e João Gilberto seriam personagens fundamentais. Ela é a única cantora da MPB que teve o privilégio de gravar com os três. "Miúcha com Vinicius, Tom, João", coletânea lançada dentro da série Bossa 50 Anos da Sony&BMG, "conta a história dessa convivência", diz ela. "Fazer esse disco foi como arrumar um álbum de retratos antigos, só que é outra coisa, porque a memória afetiva da música mexe com você de outro jeito. Aí você começa a se lembrar das histórias e acaba virando um filme." Diferentemente das coletâneas caça-níqueis que inundam o mercado, "Miúcha com Vinicius, Tom, João" é um projeto concebido pelo produtor Gil Lopes com participação da cantora na escolha do repertório. Traz encarte caprichado, com textos escritos da própria Miúcha em que são narradas as histórias por trás das gravações. Freqüentador dos saraus que aconteciam na casa do historiador Sérgio Buarque de Holanda, Vinicius foi o mentor de Miúcha em seus primeiros passos na carreira. "O Vinicius foi fundamental para eu conhecer a música brasileira e ter idéia do que era uma composição. Foi ele quem me ensinou, com a maior paciência, alguns acordes de violão." Além das lições de violão, foi ao lado de Vinicius que Miúcha cantou em público pela primeira vez, em um piano-bar em Roma, ainda nos anos 1960. Mas o primeiro grande encontro musical com o poeta aconteceu apenas em 1977, no palco do Canecão, em um show que ficou em cartaz por oito meses e do qual participaram também Toquinho e Tom Jobim. São desse espetáculo a faixa "Minha Namorada" e o pot-pourri "Chega de Saudade"/"Se Todos Fossem Iguais a Você"/ "Estamos Aí". João -com quem Miúcha era casada na época- está em dois duetos tirados do disco "The Best of Two Worlds" (1976). "Isaura" ganha versos em inglês na interpretação de Miúcha, em contraponto ao canto (em português) e ao violão de João. Em "Águas de Março" o mesmo artifício é utilizado. Ambas as faixas trazem o saxofonista Stan Getz. Se João e Vinicius foram importantes no início de sua carreira, foi com Tom Jobim que Miúcha desenvolveu sua relação musical mais intensa. A prova disso é que, das 11 faixas da coletânea, sete foram escolhidas a partir do repertório dos dois discos que eles gravaram juntos. "Eu pedi uma música para o Tom e a gente começou a fazer o disco junto", diz a cantora, referindo-se a "Miúcha e Antonio Carlos Jobim" (1977). Eles gravaram "Triste Alegria", uma rara composição assinada por Miúcha. Improvisando versos em torno do refrão original, criaram uma nova versão de "Vai Levando", de Chico Buarque e Caetano Veloso. Chico gostou tanto que acabou participando da gravação. "O Tom era a grande estrela de uma mesa de bar. A gente passava a semana inteira enchendo a cara, depois saía e ia para a casa dele ou para a minha casa ensaiar. Teve muita música que não entrou no primeiro disco e que acabou entrando no segundo [de 1979]." São desse período "Falando de Amor", de Tom, e "Pela Luz dos Olhos Teus", composta por Vinicius em ritmo de samba.

MIÚCHA COM VINICIUS, TOM, JOÃO
Artista: Miúcha
Gravadora: Sony&BMG
Quanto: (R$ 25, em média)



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