|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Porto Alegre liga teatros de Recife e Montevidéu
Festival gaúcho começa hoje com destaque a peças pernambucanas e uruguaias
Mostra recebe também espetáculos dos franceses Patrice Chéreau e Isabelle Huppert, que passam por São Paulo nesta semana
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu 16º ano, o Porto Alegre em Cena, um dos mais importantes festivais de artes cênicas do país, abre as cortinas a
partir de hoje tanto para uma
compatriota distante, Recife,
quanto para uma estrangeira
vizinha, Montevidéu. E também, por que não, para um diálogo entre as duas.
Com três representantes, a
produção pernambucana é um
dos destaques da programação
nacional e encabeça uma comitiva nordestina encorpada
-comparecem cinco títulos da
região, quando o habitual nas
grandes mostras do Sul e do Sudeste é ter, no máximo, dois.
Em um dos espetáculos recifenses, reverbera um sotaque
gaúcho: "Caio F. - Três Monólogos" costura contos de Caio
Fernando Abreu (1948-1996),
autor cada vez mais encenado
por jovens grupos no Brasil.
Na ala internacional, é o Uruguai que mais envia peças a
Porto Alegre. Há desde um texto da franco-iraniana Yasmina
Reza protagonizado por César
Troncoso (que o público brasileiro conhece do filme "O Banheiro do Papa") até "biografias-em-cena" dos pintores Van
Gogh e Frida Kahlo.
A dramaturgia da alemã Dea
Loher, que a plateia paulistana
conhece de peças d'Os Satyros
como "A Vida na Praça Roosevelt", cruza a fronteira uruguaia para servir de matriz a "El
Último Fuego" (o último fogo),
crônica da morte de uma criança em uma malfadada perseguição da polícia a terroristas.
E a trupe do El Galpón (há
pouco em São Paulo com "Um
Homem É Um Homem") sobe
até Recife para apanhar Nelson
Rodrigues, de quem monta "Os
Sete Gatinhos", sobre o círculo
de proteção em que uma família envolve a filha caçula, bem
menos casta do que se imagina.
"Fiquei encantado pela forma como eles conseguiram
captar a essência do Nelson,
sua perversa genialidade, sem
cair no clichê", diz o coordenador-geral do Porto Alegre em
Cena, Luciano Alabarse, que
atribui à "excelência das atuações" a robusta presença do
país vizinho no festival.
Chéreau e Huppert
A seção estrangeira terá ainda espetáculos de dança e teatro de Chile, Argentina, Colômbia, Canadá, Itália e Israel, além
de três produções francesas
que antes farão escala em São
Paulo: "La Douleur" (a dor) e
"O Grande Inquisidor", ambas
com a assinatura de Patrice
Chéreau, e "Quartett", que ostenta grife dupla, com Bob Wilson na direção e elenco liderado por Isabelle Huppert.
Na ala nacional, o rol das
atuações femininas a não perder inclui a de Inez Viana em "A
Mulher que Escreveu a Bíblia"
e a do duo Georgette Fadel e
Isabel Teixeira em "Rainha[(s)]...". Alabarse também
recomenda atenção a Luana
Piovani, que apresenta o monólogo de "Pássaro da Noite". "Ela
tem senso de comédia, vai ter
vida longa no teatro. Não tenho
nada contra o sucesso, a mídia."
Texto Anterior: Crítica: Novata escapa do "padrão Marisa Monte" Próximo Texto: Confusões marcam estreia de peça sobre Cacilda Becker Índice
|