São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Série leva jovens para "esquentar" o público

Na Piano Solo, novos talentos abrem a apresentação de artistas consagrados

"É uma responsabilidade grande", diz pianista de 19 anos que tocará antes de Nelson Freire; idealizador usou modelo do circuito pop

Caio Guatelli/Folha Imagem
Ao centro, o pianista Eduardo Monteiro, idealizador da série


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Idealizada por Eduardo Monteiro, titular da cadeira de seu instrumento na USP, a série Piano Solo promove recitais de quatro artistas brasileiros do teclado de destaque. Aberta por Nelson Freire e fechada pelo próprio Monteiro, a iniciativa traz ainda recitais das pianistas Diana Kacso e Cristina Ortiz.
Kacso, radicada nos EUA há mais de três décadas, está retomando a carreira neste ano e toca Liszt e Schumann, enquanto Ortiz, residente em Londres, possui sólida carreira discográfica e apresenta obras de Ravel e Rachmaninov.
Com relação a outras séries de concerto, o diferencial de Piano Solo é que cada apresentação será aberta por uma breve performance de um jovem pianista, aluno de Monteiro.
"O modelo em que eu pensei foi o do circuito pop, em que uma banda mais jovem "esquenta" o público para a atração principal da noite", diz o diretor artístico da série.
"Talentos existem inúmeros, mas a gente vê o tempo todo eles serem desperdiçados", afirma. "Acho muito generoso os pianistas já consagrados consentirem em dividir seu público com os meninos."
Nelson Freire lembra iniciativa semelhante de Martha Argerich. "Ela faz uma coisa parecida: organiza festivais misturando jovens talentos e nomes consagrados, e funciona muito bem", conta ele, tomando como modelo a pianista argentina com a qual se apresenta com regularidade.
Embora não dê aulas constantes, o pianista mineiro recebe e aconselha costumeiramente talentos emergentes. "Não acredito muito em "master class". O contato pessoal e mais íntimo é muito mais construtivo para se comunicar."
Seus recitais em São Paulo serão abertos por Leonardo Hilsdorf, pianista paulistano de 19 anos, dotado de um estilo expansivo e brilhante, com impressionante desenvoltura técnica. Um garoto que gosta de videogames e assiste a concertos na Sala São Paulo calçando chinelos de dedo, Hilsdorf toca duas das "Peças Líricas" do norueguês Edvard Grieg, bem como a exigente "Rapsódia Espanhola", de Liszt.
"Lugares para tocar em São Paulo a gente até encontra, mas a chance de estar no Teatro Municipal não aparece todo dia", diz Hilsdorf. "Foi muito impactante para mim o documentário de João Moreira Salles sobre Nelson Freire, e me apresentar antes dele é, ao mesmo tempo, uma honra e uma grande responsabilidade."
As outras revelações são Cristian Budu, paulistano descendente de romenos que, em novembro, se apresenta na terra de seus antepassados; Érika Ribeiro, que já tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira; e Juliana D'Agostini, de dedos ágeis e visual de top model.
Piano Solo deve continuar no ano que vem, abrindo o leque para pianistas estrangeiros e dando preferência a artistas que não estiveram no Brasil -sempre com apresentações abertas por nomes emergentes do instrumento. (IFP)


Texto Anterior: Aula de piano
Próximo Texto: Discípulo de Martha Argerich, Tiempo toca Ravel e Liszt
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.