São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011

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Assessor diz que Chico achou livro 'deprimente'

Cinco das dez entrevistas da edição são da época do regime militar

Mario Canivello nega veto de compositor, que teria julgado obra como "muito ruim" e "desnecessária"

DO EDITOR DA ILUSTRÍSSIMA

Questionado sobre o desacordo entre a editora Azougue e Chico Buarque quanto à publicação de livro com suas entrevistas, o assessor de imprensa de Chico, Mario Canivello, disse que o compositor "não está vetando nada".
"Se Chico não tivesse de fato autorizado a publicação, teria sido apenas quebra de contrato. Querer forçar a barra para parecer veto é, no mínimo, má-fé." Para o assessor de imprensa, ao falar em veto, o editor da Azougue busca apenas publicidade.
Organizador do livro e amigo de Chico há "mais de quatro décadas", Nepomuceno diz o caso não é de veto, mas de uma "desistência".
"Ou esse livro é feito com a concordância dos dois envolvidos, ou é feito de uma forma que me pareceria truculenta. É um direito do Chico, meu e de qualquer autor desistir de um projeto."
Na opinião de Nepomuceno, "a assessoria de imprensa do Chico tem razão: se o editor quiser fazer valer o contrato, faz valer e pronto. Eu ficaria profundamente incomodado, porque a relação com o Sérgio Cohn [dono da editora] sempre foi cordial".
Ele diz que, se Chico "desistir da desistência", o livro sairá pela Azougue.
Para Sérgio Cohn, a editora teve sua reputação "sujada": criou expectativa ao anunciar o lançamento e alterou sua programação para focar no projeto. "Agora, ficaremos como mentirosos", escreveu a Márcia Leitão. "Esperava mais respeito."
O editor crê que Chico não quer assumir o ônus do veto.
Mas quais seriam as razões para Chico não querer o livro?
Mario Canivello disse à Folha que Chico achou o livro "deprimente", "muito ruim", "desnecessário" e que o material já estaria disponível no site de Chico Buarque.
Segundo ele, o compositor avalia que as entrevistas selecionadas estão "descontextualizadas" e que não faria sentido publicá-las agora, já que foram concedidas "no momento da ditadura".
Das dez entrevistas da edição, cinco são da época do regime militar. (PAULO WERNECK)



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