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Rock, punk, pop, electro, dance; cidade aglutina novas bandas e tendências em quantidade, gênero e qualidade nunca vistos
Nova York, nova ordem
LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
A espetacular revitalização do
rock, em processo desde que o
grupo norte-americano Strokes
gritou "Last Nite" e puxou uma fila imensa de novas bandas rumo
ao olhar mainstream, caminha
ampla, geral e irrestrita.
Essa higienização da então mofada música pop (localize-se:
2000/2001) custou a salvação de
várias revistas especializadas em
som independente, provocou o
surgimento de outras, a reforma
de publicações veteranas, chamou a atenção da imprensa sisuda, criou novos selos, estimulou a
cultura dos MP3s, devolveu a graça à MTV, impulsionou festivais
por toda parte.
Agora que a poeira está baixando, algumas coisas ficam claras.
Uma delas é que dentro do macrouniverso deste novo rock (localize-se: grupos americanos, ingleses, escoceses, suecos, australianos) existe um microuniverso
bastante cintilante, que se revela,
digamos, como a sede desses novos caminhos da música pop.
Esse local vibrante está no mapa
nesta página, onde as setas indicam: a cidade de Nova York, ou,
como vem sendo chamada, "The
New Rock City".
Isso ficou escancarado com o
megaevento indie CMJ Music
Marathon, que aconteceu na semana passada na principal cidade
norte-americana. Por quatro dias,
a música independente movimentou cerca de 900 grupos por
50 clubes.
O festival do CMJ, entre outros
bons serviços à nova música jovem, evidenciou ainda mais a riqueza da cena local. Nova York e
seus prédios gigantes têm sido balançados pela maior composição
de rock, pop, punk, indie-dance,
garagem, música eletrônica jamais vista num mesmo tempo em
um mesmo lugar. Em quantidade
e principalmente qualidade.
Depois do evento Strokes, a cidade faz pulular um sem-número
de bandas das mais variadas tendências atuais, revivalistas ou
não, que percorrem seus infinitos
clubes, estão em destaque na prateleiras das megalojas, em clipes
da MTV, atravessam a ponte e fazem do bairro do Brooklyn um
outro efervescente centro de moda, som e atitude.
Os nomes são tantos: Yeah Yeah
Yeahs, Rapture, Liars, Walkmen,
Interpol, !!!, Radio 4, French
Kicks, Moldy Peaches, Mooney
Suzuky, W.I.T., Fischerspooner,
Ben Kweller. E continua.
"A atenção sobre as bandas da
cidade já está ficando insuportável, mas acho isso até bom, enquanto não destruir a cena", disse, à Folha, o líder da banda Radio
4, Anthony Roman.
"Aqui em Nova York, a música
viaja pelos prédios, está em todo
lugar, na superfície e nos porões.
Tem as lojas, tem os clubes, tem
revistas, tem jornais, as pessoas só
andam com discman. Aqui você
tem que ter uma banda."
NY está nas letras dessas bandas, nas camisetas que vestem,
nas roupas, nas capas dos discos,
como essa da ilustração amarela
desta página, que serve como capa do CD da banda The Rapture.
"We've got our finger on the
pulse of America" (Temos nosso
dedo na pulsação da América),
brada o cantor do nativo Liars.
No CMJ, show de banda nova-iorquina era uma festa, uma celebração. Na noite do Halloween,
quinta-feira passada, !!! e Yeah
Yeah Yeahs, de nomes diferentes
e simbólicos, tocaram no mesmo
lugar, no Irving Plaza.
O lugar encheu, ferveu, as bandas foram excelentes, o jornal
"New York Times" adorou.
Strokes já lota grandes festivais
na Europa. Radio 4 e Walkmen,
"bandinhas" locais, já têm programadas vastas turnês no Velho
Continente. Garotas inglesas copiam as roupas e o batom estourado da vocalista do Yeah Yeah
Yeahs. O Brasil em breve recebe
em edição nacional, via Trama, o
disco de estréia do ótimo Interpol.
A cena de Nova York tem abduzido músicos de outras partes dos
Estados Unidos. O menino-prodígio Ben Kweller, revelação do
Texas e com disco já lançado por
aqui, se mudou para Manhattan
para fazer carreira.
O grupo !!!, pronuncia-se Chik
Chik Chik, surgiu na Califórnia,
mas começa a acontecer agora,
depois que levou seu indie dance
para Nova York.
"Repito: enquanto esta fase não
for comida pela própria fama,
Nova York é o lugar para aqueles
que acordam de manhã e a primeira coisa que fazem é ligar o
som e botar um CD", disse Roman, do Radio 4, para resumir.
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