São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Macchi questiona passagem do tempo

Em individual na galeria Luisa Strina, argentino exibe 16 obras que abordam momentos fugazes

SILAS MARTÍ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O argentino Jorge Macchi, 43, trouxe fósforos para o campo de batalha. Disposto a deter o fluxo do tempo, um dos artistas mais celebrados da arte contemporânea abre hoje uma individual, com 16 obras, na galeria Luisa Strina.
Único artista vivo homenageado com uma retrospectiva na Bienal do Mercosul deste ano e com uma grande individual marcada para o ano que vem no Instituto Tomie Ohtake, Macchi instala na parede oposta à entrada da galeria um relógio digital cujos números são feitos de fósforos.
É um vídeo de 24 horas de duração, que ilustra a passagem do tempo com o objeto-fetiche da mostra: fósforos estão em quase todos os trabalhos.
"São objetos inofensivos que implicam uma ameaça. Têm a carga e a possibilidade do perigo. É a idéia de que vai acontecer algo", explica o artista.
Essa sensação de pendência acompanha as obras de Macchi, que confessa tentar sempre capturar o fugidio: da luz que vaza de uma janela a uma notícia de jornal. Para ele, a arte é um campo de batalha para travar uma briga contra o tempo.
A foto de um fósforo cuja sombra é outro fósforo queimado, exposta no andar de baixo da galeria, materializa essa idéia. O mesmo objeto se desdobra em dois momentos: antes e depois estão juntos para contar uma história ambígua.
O vídeo "Fim de Film" mostra o que parecem ser os créditos finais de um filme, mas as letras estão fora de foco. A música de orquestra dá um tom de desfecho, mas nada acabou nem começou.
No mesmo andar, uma lâmpada ilumina um mapa de Paris sobre uma mesa branca. Debaixo da mesa está outro mapa da cidade, do tamanho exato da sombra projetada.
Mapas, aliás, são motivo constante na obra do artista.
Ele recortou os quarteirões e deixou apenas ruas, avenidas e cemitérios no mapa paulistano para o catálogo da última Bienal de São Paulo, ainda inédito.


JORGE MACCHI
Quando:
abertura hoje, às 19h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h; até 8/12
Onde: galeria Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, tel. 0/xx/11/3088-2471)
Quanto: entrada franca


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