|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Macchi questiona passagem do tempo
Em individual na galeria Luisa Strina, argentino exibe 16 obras que abordam momentos fugazes
SILAS MARTÍ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O argentino Jorge Macchi,
43, trouxe fósforos para o campo de batalha. Disposto a deter
o fluxo do tempo, um dos artistas mais celebrados da arte
contemporânea abre hoje uma
individual, com 16 obras, na galeria Luisa Strina.
Único artista vivo homenageado com uma retrospectiva
na Bienal do Mercosul deste
ano e com uma grande individual marcada para o ano que
vem no Instituto Tomie Ohtake, Macchi instala na parede
oposta à entrada da galeria um
relógio digital cujos números
são feitos de fósforos.
É um vídeo de 24 horas de
duração, que ilustra a passagem
do tempo com o objeto-fetiche
da mostra: fósforos estão em
quase todos os trabalhos.
"São objetos inofensivos que
implicam uma ameaça. Têm a
carga e a possibilidade do perigo. É a idéia de que vai acontecer algo", explica o artista.
Essa sensação de pendência
acompanha as obras de Macchi,
que confessa tentar sempre
capturar o fugidio: da luz que
vaza de uma janela a uma notícia de jornal. Para ele, a arte é
um campo de batalha para travar uma briga contra o tempo.
A foto de um fósforo cuja
sombra é outro fósforo queimado, exposta no andar de baixo da galeria, materializa essa
idéia. O mesmo objeto se desdobra em dois momentos: antes e depois estão juntos para
contar uma história ambígua.
O vídeo "Fim de Film" mostra o que parecem ser os créditos finais de um filme, mas as
letras estão fora de foco. A música de orquestra dá um tom de
desfecho, mas nada acabou
nem começou.
No mesmo andar, uma lâmpada ilumina um mapa de Paris
sobre uma mesa branca. Debaixo da mesa está outro mapa da
cidade, do tamanho exato da
sombra projetada.
Mapas, aliás, são motivo
constante na obra do artista.
Ele recortou os quarteirões e
deixou apenas ruas, avenidas e
cemitérios no mapa paulistano
para o catálogo da última Bienal de São Paulo, ainda inédito.
JORGE MACCHI
Quando: abertura hoje, às 19h; de
seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das
11h às 17h; até 8/12
Onde: galeria Luisa Strina (r. Oscar
Freire, 502, tel. 0/xx/11/3088-2471)
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Em crise, 28ª Bienal não terá exposição Próximo Texto: Artes plásticas: Matisse é mais caro de leilão milionário Índice
|