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Cisne Negro redesenha espaço de sua dança em três montagens
Companhia apresenta curta temporada, de amanhã a domingo, no Municipal
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Virtuosismo e diversidade
marcam há 30 anos a trajetória
da Cia. de Dança Cisne Negro,
dirigida por Hulda Bittencourt.
No palco do Teatro Municipal
estão "Elgar", peça emblemática de 1980, de Victor Navarro; e
"Revoada" e "UmDoisSete", de
Gigi Caciuleanu, com música
ao vivo pela Orquestra Experimental de Repertório, regida
por Jamil Maluf.
Navarro veio da Espanha para São Paulo em 1974, permanecendo no país até 2001. Em
"Elgar", com música do compositor inglês Edward Elgar
(1857-1934) -"Serenata para
Cordas", "Canção da Manhã" e
"Canção da Noite"-, são "os
acentos musicais que definem
os matizes dos personagens",
comenta Navarro.
A narrativa da dança vem da
música: "linguagem corporal e
musical viram uma coisa só".
Neste quarteto, a trama é toda
criada por intenções, gestos e
relações espaciais. Um personagem é tomado "pelo espírito
da paixão, pelo amor e pelo destino com a morte. O amor e a
paixão morrem nele, e ele morre nos braços do destino".
O romeno (naturalizado
francês) Caciuleanu, em entrevista por e-mail, comenta que
"Revoada" partiu de duas obras
para balé criadas pelo russo
Igor Stravinsky (1882-1971): "O
Pássaro de Fogo" e "Fogos de
Artifício". Foi uma oportunidade de inventar seu "alter-cisne": "um pássaro de fogo simbolizado pela cor vermelha. É
uma obra poética, simbólica e
metafórica por excelência".
Já em "UmDoisSete" há uma
"montagem de clipes", com base nas "Suítes" nº 1 e nº 2 de
Stravinski. Para o coreógrafo,
ele é "um compositor que imprime sua inimitável assinatura, conseguindo ser a cada vez
diferente. Capaz de conservar
uma profunda originalidade e a
musicalidade mais sábia".
A relação entre música e dança se dá numa "parceria de caminhos e sensações. Eu não
danço "sobre" a música, eu danço a música. Ela penetra cada
movimento, vibra em cada gesto. É importante que a dança
possa se exprimir pelo seus modos próprios. A dança é a arte
de redesenhar o espaço, revelando as dimensões mais impensáveis -que é a sua metáfora poética. Uma poesia que se
vale da linguagem universal do
ser humano: o movimento".
ELGAR, REVOADA E UMDOISSETE
Quando: amanhã e sáb., às 21h, e dom., às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. tel. 0/xx/ 11/3222-8698)
Quanto: de R$ 10 a R$ 20
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