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Guia cáustico de Marques Rebelo sai em livro
DA SUCURSAL DO RIO
No apagar das luzes
de seu centenário, Marques Rebelo ganha uma singela
lembrança com o lançamento em livro, pela primeira vez, de "O Guia Antiturístico do Rio de Janeiro", de 1960. O "singela"
não é depreciativo, mas
para traduzir o tom informal dos 55 capítulos e indicar que Rabelo não foi só
o cronista ligeiro e cáustico deste volume. Fez grandes romances como "Marafa" e "A Estrela Sobe" e
merecia ser mais exaltado.
"Marafa", por exemplo,
é um painel da Lapa dos
anos 30, um dos maiores já
feitos. Mas no "Guia" só há
uma referência ao bairro
de que Edi Dias da Cruz
(seu nome real, oculto para não envergonhar a família por ser escritor) gostava tanto. É quando ironiza o famoso samba de Herivelto Martins e Benedito
Lacerda: "O ponto maior
do mapa do ex-Distrito
Federal -salve a Lapa!". O
Rio já virara "ex" em 60.
O guia foi publicado em
colunas da "Última Hora",
já visando ao quarto centenário do Rio (1965), mas
ficou inédito em livro. Em
vez dos esboços da época,
de Nássara, Jaguar faz cartuns que são atração à parte. Mas são as frases e historietas de Rebelo que garantem o sabor da leitura.
Citar algumas vale mais
que qualquer opinião:
"Chamam-se morros as
montanhas com favelas";
"Representação política
federal -tanto na Câmara
dos Deputados quanto no
Senado da República é
exercida por estrangeiros"; "Tendências da população -estão ficando
perigosíssimas"; e citado
no prefácio de Millôr Fernandes: "Futebol não é diversão. É sofrimento. Sou
América".
(LFV)
O GUIA ANTITURÍSTICO DO RIO DE JANEIRO
Autor: Marques Rebelo
Editoras: Batel/Desiderata
Quanto: R$ 29,90 (120 págs.)
Avaliação: bom
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