São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Guia cáustico de Marques Rebelo sai em livro

DA SUCURSAL DO RIO

No apagar das luzes de seu centenário, Marques Rebelo ganha uma singela lembrança com o lançamento em livro, pela primeira vez, de "O Guia Antiturístico do Rio de Janeiro", de 1960. O "singela" não é depreciativo, mas para traduzir o tom informal dos 55 capítulos e indicar que Rabelo não foi só o cronista ligeiro e cáustico deste volume. Fez grandes romances como "Marafa" e "A Estrela Sobe" e merecia ser mais exaltado.
"Marafa", por exemplo, é um painel da Lapa dos anos 30, um dos maiores já feitos. Mas no "Guia" só há uma referência ao bairro de que Edi Dias da Cruz (seu nome real, oculto para não envergonhar a família por ser escritor) gostava tanto. É quando ironiza o famoso samba de Herivelto Martins e Benedito Lacerda: "O ponto maior do mapa do ex-Distrito Federal -salve a Lapa!". O Rio já virara "ex" em 60.
O guia foi publicado em colunas da "Última Hora", já visando ao quarto centenário do Rio (1965), mas ficou inédito em livro. Em vez dos esboços da época, de Nássara, Jaguar faz cartuns que são atração à parte. Mas são as frases e historietas de Rebelo que garantem o sabor da leitura.
Citar algumas vale mais que qualquer opinião: "Chamam-se morros as montanhas com favelas"; "Representação política federal -tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado da República é exercida por estrangeiros"; "Tendências da população -estão ficando perigosíssimas"; e citado no prefácio de Millôr Fernandes: "Futebol não é diversão. É sofrimento. Sou América". (LFV)

O GUIA ANTITURÍSTICO DO RIO DE JANEIRO
Autor:
Marques Rebelo
Editoras: Batel/Desiderata
Quanto: R$ 29,90 (120 págs.)
Avaliação: bom


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