|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Cancioneiro" ressalta força de Chico
Livro traz partituras para violão de 124 canções de Chico Buarque, perfil biográfico e análise feita por Lorenzo Mammì
Compositor diz que pretende voltar a estudar piano e que "o músico não está adormecido" quando se dedica à literatura
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O "Cancioneiro Chico Buarque", que chega às livrarias no
próximo fim de semana, é mais
um passo para que não haja dúvidas sobre um fato: Chico é tão
bom melodista quanto letrista.
Ou melhor dizendo, não é possível dissociar as duas funções
em sua obra musical.
"Chico nunca escreveu uma
letra de música antes de fazer a
melodia", ressalta a jornalista
Regina Zappa no perfil que integra o livro.
O texto de Zappa está no primeiro bloco do "Cancioneiro",
juntamente com muitas fotos,
algumas novas. No segundo e
no terceiro bloco do lançamento bilíngüe da Jobim Music
-que já editou cancioneiros de
Tom Jobim e Vinicius de Moraes- estão partituras de 124
composições, escolhidas por
Paulo Jobim. Poderá ser comprada uma edição com os três
blocos (preço ainda não foi definido, mas será cerca de R$
200) ou os volumes separados.
As partituras, escritas por Ricardo Gilly, são para violão.
Mas uma novidade que ainda
pode surgir na carreira de Chico é o uso do piano. Na entrevista dada a Zappa para o livro,
ele conta que, ao reformar seu
apartamento neste ano, pôs na
sala o piano de cauda que era da
avó e ficou com desejo de
aprender de fato a tocar.
Ele só estudou teoria musical
no instrumento e, certa vez, ao
mostrar a Tom Jobim músicas
que começara a criar no piano,
não recebeu muito estímulo:
"Chico, faz outra coisa. Olha,
vai jogar um futebol, toca um
violão, mas desiste do piano".
Mas ele pensa em, se não
compor, pelo menos "tocar um
Debussyzinho de vez em quando" ou um Chopin, até para distrair a cabeça enquanto faz literatura -como agora, quando
conclui romance que poderá
sair em março de 2009.
É o que ele disse a Zappa, que
interpreta a novidade como
mais um sinal de inquietação
do artista, de 64 anos. "Acho espantoso como ele não se acomoda. É que renovar a criação,
para ele, é renovar a vida", afirma ela, autora de outros dois livros sobre o compositor.
As novidades do perfil estão
no final, no tópico "O artista se
reinventa", em que se vê Chico
assumindo, ao contrário do que
disse outras vezes, que o músico e o escritor não são tão dissociados dentro dele: "Comecei a
desconfiar que, enquanto estou
me dedicando exclusivamente
a uma das duas coisas, por
exemplo, à literatura, o músico
não está adormecido. Ele está
trabalhando, se exercitando de
alguma forma".
Como prefácio às partituras,
há uma análise minuciosa do
professor e crítico Lorenzo
Mammì, que mostra por que
Chico "é o compositor que melhor conseguiu remodelar o
material herdado (samba urbano e bossa nova, principalmente), de maneira que a canção
fosse capaz de espelhar novas
realidades e, ao mesmo tempo,
refletir sobre si mesma".
CANCIONEIRO CHICO BUARQUE
Autores: Regina Zappa, Lorenzo
Mammì, Paulo Jobim e Ricardo Gilly
Editora: Jobim Music
Quanto: preço a definir
Texto Anterior: Mudança de acervo foi polêmica Próximo Texto: Gandelman reúne astros da MPB em CD Índice
|