São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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"Cancioneiro" ressalta força de Chico

Livro traz partituras para violão de 124 canções de Chico Buarque, perfil biográfico e análise feita por Lorenzo Mammì

Compositor diz que pretende voltar a estudar piano e que "o músico não está adormecido" quando se dedica à literatura

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O "Cancioneiro Chico Buarque", que chega às livrarias no próximo fim de semana, é mais um passo para que não haja dúvidas sobre um fato: Chico é tão bom melodista quanto letrista. Ou melhor dizendo, não é possível dissociar as duas funções em sua obra musical.
"Chico nunca escreveu uma letra de música antes de fazer a melodia", ressalta a jornalista Regina Zappa no perfil que integra o livro. O texto de Zappa está no primeiro bloco do "Cancioneiro", juntamente com muitas fotos, algumas novas. No segundo e no terceiro bloco do lançamento bilíngüe da Jobim Music -que já editou cancioneiros de Tom Jobim e Vinicius de Moraes- estão partituras de 124 composições, escolhidas por Paulo Jobim. Poderá ser comprada uma edição com os três blocos (preço ainda não foi definido, mas será cerca de R$ 200) ou os volumes separados.
As partituras, escritas por Ricardo Gilly, são para violão. Mas uma novidade que ainda pode surgir na carreira de Chico é o uso do piano. Na entrevista dada a Zappa para o livro, ele conta que, ao reformar seu apartamento neste ano, pôs na sala o piano de cauda que era da avó e ficou com desejo de aprender de fato a tocar.
Ele só estudou teoria musical no instrumento e, certa vez, ao mostrar a Tom Jobim músicas que começara a criar no piano, não recebeu muito estímulo: "Chico, faz outra coisa. Olha, vai jogar um futebol, toca um violão, mas desiste do piano".
Mas ele pensa em, se não compor, pelo menos "tocar um Debussyzinho de vez em quando" ou um Chopin, até para distrair a cabeça enquanto faz literatura -como agora, quando conclui romance que poderá sair em março de 2009.
É o que ele disse a Zappa, que interpreta a novidade como mais um sinal de inquietação do artista, de 64 anos. "Acho espantoso como ele não se acomoda. É que renovar a criação, para ele, é renovar a vida", afirma ela, autora de outros dois livros sobre o compositor. As novidades do perfil estão no final, no tópico "O artista se reinventa", em que se vê Chico assumindo, ao contrário do que disse outras vezes, que o músico e o escritor não são tão dissociados dentro dele: "Comecei a desconfiar que, enquanto estou me dedicando exclusivamente a uma das duas coisas, por exemplo, à literatura, o músico não está adormecido. Ele está trabalhando, se exercitando de alguma forma".
Como prefácio às partituras, há uma análise minuciosa do professor e crítico Lorenzo Mammì, que mostra por que Chico "é o compositor que melhor conseguiu remodelar o material herdado (samba urbano e bossa nova, principalmente), de maneira que a canção fosse capaz de espelhar novas realidades e, ao mesmo tempo, refletir sobre si mesma".


CANCIONEIRO CHICO BUARQUE
Autores: Regina Zappa, Lorenzo Mammì, Paulo Jobim e Ricardo Gilly
Editora: Jobim Music
Quanto: preço a definir



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