São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2001

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JANOS FERENCSIK


Sinfonias evidenciam imenso talento de regente húngaro



DA REPORTAGEM LOCAL



Há algo de estranho no fato de Janos Ferencsik (1907-84) não ter merecido projeção internacional compatível com seu talento de regente. Talento magnificamente comprovado com a integral das sinfonias de Beethoven lançada agora no Brasil.
O maestro teve sua carreira circunscrita à Hungria. Exceto no curto período de dois anos (1848-1950) em que foi um dos regentes convidados da Ópera de Viena.
A Hungria foi o patinho feio da Europa Oriental na Guerra Fria. O comunismo promoveu expurgos violentos na sociedade após o fracasso da revolta popular de 56. Ferencsik saiu ileso. Tornou-se uma espécie de cartão-postal da vida musical supostamente próspera com o socialismo em Budapeste.
As gravações agora disponíveis têm uma qualidade técnica bem pobrezinha. Foram gravadas originariamente em mono ou quando a estereofonia ainda engatinhava. O engenheiro de som é preguiçoso. Mas nada disso esconde a maravilhosa vitalidade da Orquestra Estatal da Hungria.
Ferencsik professa uma concepção de Beethoven muito próxima à de Toscanini. A saber: a partitura possui uma riqueza intrínseca tão grande que a melhor interpretação será dada apenas se o regente se resignar a uma leitura literal. Isso está bastante claro como orientação já na "Sinfonia nš 1".
O primeiro movimento, um adagio molto seguido de um allegro com brio, começa com um desfilar de frases quase translúcidas. Em suma, algo precioso para um colecionador.

Sinfonias de Beethoven
   
Artista: Janos Ferencsik e Orquestra Estatal da Hungria
Lançamento: Paulinas/Comep, 2000
Quanto: R$ 14 cada um dos seis discos


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