|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANOS FERENCSIK
Sinfonias evidenciam imenso talento de regente húngaro
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algo de estranho no fato
de Janos Ferencsik (1907-84) não ter merecido projeção internacional compatível com seu
talento de regente. Talento magnificamente comprovado com a
integral das sinfonias de Beethoven lançada agora no Brasil.
O maestro teve sua carreira circunscrita à Hungria. Exceto no
curto período de dois anos (1848-1950) em que foi um dos regentes
convidados da Ópera de Viena.
A Hungria foi o patinho feio da
Europa Oriental na Guerra Fria. O
comunismo promoveu expurgos
violentos na sociedade após o fracasso da revolta popular de 56. Ferencsik saiu ileso. Tornou-se uma
espécie de cartão-postal da vida
musical supostamente próspera
com o socialismo em Budapeste.
As gravações agora disponíveis
têm uma qualidade técnica bem
pobrezinha. Foram gravadas originariamente em mono ou quando a estereofonia ainda engatinhava. O engenheiro de som é
preguiçoso. Mas nada disso esconde a maravilhosa vitalidade da
Orquestra Estatal da Hungria.
Ferencsik professa uma concepção de Beethoven muito próxima
à de Toscanini. A saber: a partitura possui uma riqueza intrínseca
tão grande que a melhor interpretação será dada apenas se o regente se resignar a uma leitura literal.
Isso está bastante claro como
orientação já na "Sinfonia nš 1".
O primeiro movimento, um
adagio molto seguido de um allegro com brio, começa com um
desfilar de frases quase translúcidas. Em suma, algo precioso para
um colecionador.
Sinfonias de Beethoven
Artista: Janos Ferencsik e Orquestra
Estatal da Hungria
Lançamento: Paulinas/Comep, 2000
Quanto: R$ 14 cada um dos seis discos
Texto Anterior: Música/Lançamentos: Música de câmara à brasileira Próximo Texto: Outros lançamentos Índice
|